Topo

Akin Abaz

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

bell hooks nos ajudou a construir uma outra visão sobre nós mesmos

bell hooks morreu em 15 de dezembro aos 69 anos -  Karjean Levine / Getty Images
bell hooks morreu em 15 de dezembro aos 69 anos Imagem: Karjean Levine / Getty Images

Colunista do UOL

04/01/2022 04h00

É um fato que em 2021, não só em razão da pandemia, que estamos perdendo várias figuras importantes não só no Brasil como em todo mundo. Figuras essas com destaque em diversas áreas como as artes visuais, música, política, jornalismo, esportes e tantas outras.

A ativista e escritora bell hooks foi mais uma grande perda. Ela que era autora, professora e crítica publicou mais de 40 livros e diferentes artigos acadêmicos, traduzidos para mais de 15 idiomas.

Falar dela é falar de toda a contribuição que ela deu e de todo o legado que ela deixou.

Acho que não só para mim, mas para toda a população negra, a bell (pode-se dizer que sou íntimo dela por acompanhar o seu trabalho rs) é um símbolo de nós para nós mesmos.

Enquanto mulher negra, e no auge da sua grandeza, ela entendia que o conhecimento obtido e todos os pensamentos e afirmações que ela criou, principalmente sobre raça e feminismo, tinham que ser partilhado com mulheres e homens negros de todo o mundo.

Através de seus livros ela fazia com que construíssemos uma outra visão sobre nós mesmos, de onde viemos, das nossas raízes, dos nossos ancestrais.

Sempre pautando a importância do amor, e de como é importante, difícil e crucial a construção do amor-próprio quando se nasce negro, de como o ato de se amar é uma ação, e de como isso nos fortalece e nos direciona ao nosso lugar no mundo.

Como ela mesma disse:

No momento em que escolhemos amar, começamos a nos mover contra a dominação, contra a opressão. No momento em que escolhemos amar, começamos a nos mover em direção à liberdade, a agir de formas que libertam a nós e aos outros."

Quem já leu dois ou mais de seus livros percebe o quanto a escritora sempre foi plural. Ela abordava temas como feminismo, racismo, cultura, política, papéis de gênero, amor e espiritualidade. Sempre com maestria.

A verdade é que bell hooks será eterna. Sua contribuição para a população negra, para a nossa liberdade, para a emancipação e feminismo das mulheres negras, para a luta antirracista e para a cultura e sociedade ao todo é de um valor inestimável.

Meu desejo para você, leitor, que não sabe quem ela é ou nunca ouviu falar do seu nome é: leia mulheres negras, leia bell hooks. É impossível não terminar uma de suas obras minimamente transformado com o seu olhar.

* Colaborou Gabriela Bispo, jornalista, planner e redatora da InfoPreta