Topo

Akin Abaz

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

No BBB e na vida real: adote estas 10 atitudes para apoiar pessoas trans

Durante o BBB 22, Linn da Quebrada corrigiu outro participante quando foi chamada pelo pronome de gênero errado - Reprodução/Globoplay
Durante o BBB 22, Linn da Quebrada corrigiu outro participante quando foi chamada pelo pronome de gênero errado Imagem: Reprodução/Globoplay

Colunista do UOL*

03/02/2022 04h00

No último sábado, 29 de janeiro, foi comemorado o Dia da Visibilidade Trans. A importância de uma data como essa para trazer luz sobre a temática e gerar diversos debates na sociedade é inegável. Mas, o apoio e acolhimento voltados para as pessoas trans precisam ser durante todo o ano.

Segundo o projeto Trans Murder Monitoring (TMM), que monitora, coleta e analisa de forma sistemática os relatórios de homicídios de pessoas trans e com diversidade de gênero em todo o mundo, mostra que a cada 10 assassinatos de pessoas trans, quatro ocorrem no Brasil, colocando o país em 1º lugar no ranking mundial.

Os estados notificados com o maior número de mortes no ano passado foram São Paulo, Bahia e Rio de Janeiro, respectivamente. Apenas Roraima e Tocantins não tiveram ocorrências registradas. Mas o relatório chama a atenção para as notificações que não são feitas desses crimes por motivos como apagão de dados públicos, subnotificação estatal, entre outros.

Para um homem trans como eu, que sinto na pele o que esses dados representam, que convive diariamente com preconceitos, com a sensação de insegurança, vendo jovens cada vez mais cedo sofrendo todo tipo de violência praticada por uma sociedade transfóbica, é mais do que claro que as mudanças feitas em prol da comunidade trans precisam ser efetivas e diárias.

Alguma delas são:

  1. Em pleno 2022, não dá mais para desrespeitar alguém e dizer que errou por falta de informação (dado o exemplo das atitudes de alguns participantes do BBB 22 contra a artista Linn da Quebrada). Ou seja, se você não entende as necessidades e direitos de pessoas trans, busque informações a respeito e, se possível, procure profissionais aliados à causa;
  2. Pergunte o pronome e o modo que a pessoa quer ser tratada e passe a se referir a ela dessa forma;
  3. Apoie iniciativas de inclusão, como banheiro neutro, escolha de nome em documentos oficiais, escolha de tipo de uniforme, projetos de capacitação etc. E, além de apoiar, compartilhe essas informações com seus familiares, amigos e nas redes sociais;
  4. Compartilhe vaquinhas de cirurgia para pessoas trans e sempre que possível doe também. Uma cirurgia de mastectomia (retirada das mamas) não é complexa, porém não é barata, já que além do procedimento, é preciso fazer exames. No SUS, há uma uma longa fila de espera para aqueles que não têm condições de pagar;
  5. Faça doações para casas de acolhimento que abrigam pessoas trans em situação de vulnerabilidade;
  6. Ajude pessoas trans a se inserir no mercado de trabalho e crie projetos de capacitação;
  7. Contrate profissionais e empresas que possuem pessoas trans no seu quadro de funcionários;
  8. Nunca pergunte se a pessoa fez cirurgia de mudança de sexo. É desrespeitoso. Entenda que terapia de hormônios e cirurgia não são algo necessário para a transição de todos;
  9. Conheça, curta e compartilhe o trabalho de produtores de conteúdos trans;
  10. Em décimo, mas não o último: crie dentro do seu espaço oportunidades efetivas de equidade para pessoas trans.

* Colaborou Gabriela Bispo, planner e redatora da InfoPreta