Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Gato por lebre: TV afirma vir com inteligência artificial, mas é só chatbot
Recentemente, comprei uma TV que prometia vir com inteligência artificial, ou seja, ela teria uma capacidade de responder a uma grande quantidade de comandos de voz simulando um humano. Ela deveria imitar as funções cognitivas humanas, como compreender, "raciocinar" e resolver problemas. Imaginava que seria apenas enviar um comando de voz que a TV localizaria um aplicativo, conseguiria aumentar o volume, trocaria de canal, pesquisaria informações, recomendaria conteúdos e tantas outras funções.
Esta era a minha expectativa, no entanto a realidade foi muito diferente. A TV não possuía uma interface conversacional baseada em uma IA sofisticada, mas era sim um chatbot bastante simples e muito pautado em regras.
Os chatbots ficaram mais conhecidos recentemente em 2016, quando empresas como Facebook, Apple e Microsoft resolveram investir nessa tecnologia. Eles podem ser tão complexos quanto uma combinação de diversos modelos de machine e deep learning, ou tão simples quando um pequeno conjunto de regras.
A grande questão é que os chatbots ganharam uma exposição rápida demais e têm sido projetados de forma que sua qualidade não permite que eles sejam bons para substituir algumas experiências.
Embora a IA possa ser incorporada nesta tecnologia, ainda há muito para evoluirmos para que ela se torne inteligente a ponto de entender algumas variações da nossa comunicação.
A minha experiência com a TV me mostrou o quanto eu troquei gato por lebre.
A inteligência artificial, na qual apostei, é totalmente fundamentada em algoritmos que podem enfrentar a percepção, a aprendizagem, a compreensão do raciocínio ou linguagem/raciocínio lógico e a resolução de problemas.
No entanto, me deparei com algo bastante rudimentar que só é capaz de lidar com um conjunto pré-definido (e limitado) de comandos.
O caso da TV foi apenas um exemplo, mas em muitos serviços e produtos estamos sendo enganados. Vendem uma tecnologia quando, na verdade, é totalmente outra. Por isso, precisamos estar atentos e entender como cada uma funciona.
Alguns dados levantados pelo estudo 2020 Government AI Readiness Index, realizado pela Universidade de Oxford, mostra o Brasil apenas na 63ª posição do índice de preparo para inteligência artificial. Na América Latina, ocupamos apenas o 6º lugar.
Claro que há um certo abismo se compararmos o investimento dos EUA e a Europa para com o restante do mundo. Entretanto, no caso do Brasil, uma posição tão baixa, atrás até mesmo de economias bem menos poderosas, liga o sinal de alerta para o desenvolvimento tecnológico nacional.
Nos próximos anos, ouviremos muitos serviços sendo transformados em IA, mas precisamos estar atentos, porque "nem tudo o que reluz é ouro".
O ideal é apostarmos com mais clareza quanto a essa tecnologia. Esta é uma possível alternativa para sairmos dessa estagnação que o Brasil enfrenta quando o assunto é inteligência artificial.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.