Querido diário: registrar o que você fez ajuda até sua carreira a decolar
Querido diário? Ou melhor, diário de bordo, registro 1642, começamos hoje uma nova jornada rumo ao desconhecido...
Você costuma registrar as coisas que você faz? E não estou falando apenas de verificar os logs do sistema, porque aposto que ele registra melhor do que você. Mas você registra coisas que você fez, tecnologias que aprendeu, assuntos que ensinou?
Às vezes somos pegos de surpresa em perguntas como "quais tecnologias você conhece?" ou "que tipo de projetos você já fez?". Nesse momento precisamos depender da capacidade da nossa memória e da velocidade de recuperação de dados. Tem projetos que você nem lembrava mais que fez, tem um tipo de banco de dados que você aprendeu bem, mas não usa há cinco anos, daí não está na sua lista rápida de conhecimento.
Isso é muito comum de acontecer até mesmo para preencher um currículo ou para se adequar a uma vaga de emprego. Nossa cabeça nos ilude muitas vezes, a maioria de nós tem uma tendência a focar apenas no que estamos fazendo agora ou nas coisas que mais gostamos de fazer, parte do conhecimento fica oculto, apesar de ainda estar ali.
Uma boa forma de aproveitar o seu conhecimento é criar um registro daquilo que você sabe ou daquilo que você já fez. Como programador, várias vezes passei pela situação de pensar: "eu já resolvi esse mesmo problema anos atrás, mas como foi que eu fiz?"
Eu já me salvei algumas vezes por ter um registro de como resolvi um problema. Um exemplo foi um adaptador wireless que uso em um computador desktop, que preciso reinstalar o driver no Linux quando reinstalo o sistema ou quando troco de máquina, o que acontece com intervalo de anos. Depois de repetir o mesmo processo árduo de procurar drivers antigos, guardei um registro.
Mas tem um segundo bom motivo para manter registro das coisas que você faz: compartilhar conhecimento.
Grande parte da minha carreira eu devo ao fato de ter esse hábito de compartilhar conhecimento. O meu diário de coisas que aprendi ou de coisas que fiz sempre foi meu blog e esse é um tipo de registro de conhecimento que ajuda outras pessoas a resolverem os mesmos problemas e o ajuda a ficar conhecido como alguém que entende daqueles problemas.
Na primeira década deste século eu me formei em Ciência da Computação e comecei um blog (que vem justamente de uma simplificação do termo "web log") onde escrevia coisas em geral. De coisas em geral foi indo cada vez mais para assuntos relacionados a Linux, software livre e, mais especificamente, Ubuntu. Tudo o que eu aprendia, quando conseguia instalar um dispositivo novo, configurar um monitor diferente, eu escrevia um passo a passo para que outras pessoas (e eu mesmo) tivessem referências futuras.
Não intencionalmente, isso começou a abrir várias oportunidades para mim. Pessoas próximas começaram a perceber que eu estava conhecendo melhor de ambientes Linux e isso me proporcionou o meu primeiro emprego de programação.
Em alguns lugares passei a ser "o cara do Ubuntu" e isso abriu portas para compartilhar conhecimento em eventos e empresas. Sem contar que anos depois eu fui contratado para uma das empresas onde mais gostei de trabalhar apenas porque me viram usando uma camiseta do Ubuntu e foram atrás de saber quem eu era e o que eu sabia.
Nem preciso dizer que isso também proporcionou um bom início para o meu trabalho no Vida de Programador. A experiência de publicar conteúdo online e as pessoas que já me acompanhavam proporcionaram um crescimento ao novo projeto de uma forma que eu nunca tinha imaginado (mas isso já entra na década seguinte e eu não vou segurá-los nesse texto por mais uma década :D).
Por isso, uma coisa que eu sempre digo é que todo programador deveria ter um blog. Sim, a era de ouro dos blogs já passou (saudades Google Reader!), mas ainda é a melhor forma de registrar o que você sabe, é indexável e é seu, diferente das redes sociais onde você apenas produz conteúdo para os outros. Isso pode fazer toda a diferença para você ser encontrado por pessoas ou empresas que estão precisando justamente daquilo que você faz.
Essa semana eu vi algumas palestras sobre inovação, onde várias delas eu já uso há um bom tempo, não era algo assim tão inovador. Mas aí eu percebi que para o público-alvo das palestras era realmente algo novo e era algo que estavam criando um registro para que outras pessoas pudessem usar. Não fique achando que o que você sabe não ajuda ninguém. Compartilhe.
E como compartilhar é algo que falta, muitas vezes, para programadores, eu reuni algumas dicas em um ebook ilustrado que vocês podem baixar.
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