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Psicanálise no YouTube, Instagram, podcasts: ela está mais acessível?
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* Este é o primeiro de três artigos da série "Democratização da Psicanálise e Inclusão Social", que trata de psicanálise, democracia e tecnologia.
Durante os tempos de pandemia e antes disso, o Brasil vinha se destacando pela aparição de inúmeras iniciativas de ampliação de acesso à escuta, notadamente promovidas por psicanalistas. Clínicas abertas de psicanálise, redes atendimento, psicanálise nos espaços públicos, iniciativas de atendimento emergencial online, espalharam-se pelo país.
Este movimento social espontâneo, sem liderança clara ou organizada, se fez acompanhar por uma intensa mobilização das escolas de psicanálise, abrindo programas de bolsas para formação, supervisões horizontais e projetos de atendimento direto à população, como por exemplo, o DAOS do Fórum do Campo Lacaniano em São Paulo.
Também nas universidades, psicanalistas se mobilizaram em inúmeras intervenções, no esclarecimento e debate sobre a situação da saúde metal em contexto de covid-19, bem como promovendo práticas de escuta em escolas, empresas e movimentos sociais.
No âmbito da crítica social a colaboração entre psicanalistas e outros agentes de saúde pública intensificou-se, como por exemplo, a pesquisa de Ilana Katz na comunidade da Maré, no Rio de Janeiro, recenseando as "infâncias não-hegemônicas", próprias das situações de vulnerabilidade social.
Poderíamos mencionar também os esforços do Laboratório de Teoria Social, Filosofia e Psicanálise da USP, disponíveis em publicações recentes como "O Neoliberalismo como Gestão de Sofrimento" [1] e meu livro mais recente "Lacan e a Democracia: crítica e clínica em tempos sombrios" [2].
Podemos mencionar ainda que a psicanálise vem se tornando mais acessível enquanto discurso e conceitos, a partir de inúmeros canais, blogs e podcasts nos quais psicanalistas conversam com o público em geral, como com as boas práticas em divulgação científica [3], sem falar nos canais de psicologia, saúde mental [4] e cultura [5] e saúde mental, que também passam por temas da psicanálise.
Podemos pensar que a psicanálise, como tantas práticas humanas é uma tecnologia, que tem alguma eficácia e eficiência no tratamento do sofrimento psíquico.
No entanto, desde que foi desenvolvida por Freud ela está associada com um conjunto de condições pelas quais alguém se habilita a praticar tal método.
A regra mais discutida é a de que para tornar-se analista alguém deve ter feito uma análise como outro psicanalista. Além disso, presume-se um sólido percurso cultural ou científico, mas que pode ser inespecífico do ponto de vista disciplinar: psicologia ou medicina, história ou letras, artes ou matemática.
Uma formação em psicanálise, historicamente é realizada em sociedades ou escolas psicanalíticas, onde o clínico pode passar três ou quatro anos, antes de começar a atender, geralmente supervisionado por um analista mais experiente.
Contudo, a parte mais difícil de aprender neste percurso é representada por uma certa sociabilidade ou uma certa ética que preside o modo como se faz psicanálise, tanto na clínica, quanto na formação e ainda na sua transmissão cultural.
Desta maneira percebe-se que é uma prática que semelhante à que encontramos na formação de um artista ou de um artesão. Ele precisa frequentar o ateliê de alguém mais experiente, conhecer as técnicas, saber sobre as tradições estéticas, mas também descobrir-se na sua forma específica de praticar sua arte.
REFERÊNCIAS
[1] Safatle, Vladimir; Silva Jr, Nelson & Dunker, Christian (2022) Neoliberalismo como Gestão de Sofrimento. Belo Horizonte: Autêntica. Belo Horizonte: Autêntica.
[2] Dunker, C.I.L. (2022) (2022) Lacan e a Democracia: crítica e clínica em tempos sombrios. São Paulo: Boitempo.
[3] Psicoativo
Falando Nisso
Alexandre Simões
Vera Iaconnelli
Instituto Vox
Instituto Espe
Fábio Belo
Psicanálise do Bem
Senta no Divã
[4] Universo da Psicologia
Filosofia da Psique
Cantinho da Psicóloga
Laboratório de Escuta e Convivência
Psicamente
Psicologicamente
Saulo Durso Ferreira
Canal Inconsciente Coletivo
Psicanálise e Humanidades
À Deriva
[5] Observatório do Terceiro Setor
Casa do Saber
Boitempo
Bookster
Café Filosófico
Filosofia Pop
Zenclub
Mamilos
Inova Social
Chutando a Escada
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