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Resultado das eleições brasileiras será teste para o Twitter de Elon Musk
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Após sua aquisição pelo bilionário Elon Musk, o Twitter não é mais uma empresa pública. Isso significa menos transparência sobre os seus resultados financeiros e a oportunidade para um redesenho institucional e do seu principal produto: uma rede social.
Geralmente essas transformações levam um certo tempo para serem implementadas. Não vai ser da noite para o dia que novos processos decisórios serão criados; divisões da empresa serão encerradas, fundidas ou ampliadas; e o nome dos novos líderes de cada área será conhecido. Tudo isso requer tempo.
Acontece que, por um acaso do destino (e de algumas primeiras medidas já adotadas por Musk), parece que a robustez da cadeia de decisão da empresa está prestes a ser testada de forma prematura.
No domingo o Brasil vai conhecer o vencedor das eleições presidenciais de 2022. Tudo indica que, seja lá qual lado prevalecer, teremos uma vitória apertada. Esse é o cenário perfeito para que contestações ao processo eleitoral ganhem força e tomem de assalto as redes sociais.
A pergunta é: o que o Twitter vai fazer caso autoridades brasileiras contestem a integridade do processo eleitoral e o resultado que sair das urnas? Os conteúdos serão removidos? Ou vão receber uma etiqueta com link para o site do TSE? A conta das autoridades poderá ser suspensa? A moderação agirá a partir do momento da postagem ou vai se esperar que algum ato concreto de mobilização fora das redes aconteça?
Todas essas decisões são da maior relevância e complexidade, até porque lidam com os limites da liberdade de expressão na plataforma e a aplicação do seus termos de uso com relação às contas de autoridades públicas.
Quando o perfil do ex-presidente Donald Trump foi suspenso, o Twitter fez uma publicação explicando como cada tuíte de Trump violava suas regras e como isso motivou o sancionamento.
Será que o mesmo tratamento será dado caso autoridades públicas desconsiderem o resultado das eleições no Brasil (e eventualmente incitem atos que podem se tornar violentos)?
Aqui vai uma informação que pode ajudar a desvendar a enrascada que pode surgir no domingo.
Assim que assumiu a empresa, Musk demitiu Vijaya Gadde, chefe de políticas legais e de confiança e segurança (trust and safety) da plataforma. Gadde é conhecida pela decisão em banir Trump do Twitter.
A equipe de trust and safety nas empresas de redes sociais acaba respondendo, dentre outras atividades, pelos processos de moderação de conteúdo.
É claro que a remoção de uma liderança na área não anula as cadeias de decisão já estabelecidas, mas dadas as condições dessa mudança e a relevância das eleições brasileiras, fica a dúvida sobre o funcionamento desses processos tão cedo quanto o próximo domingo de noite.
Elon Musk se diz um absolutista da liberdade de expressão. Em empresas privadas, a voz do dono pode falar ainda mais alto do que estamos acostumados a ver em outras gigantes do Vale do Silício.
Se o cenário de disputa do resultado das eleições brasileiras se concretizar, a cadeia de decisão sobre moderação de conteúdo do novo Twitter está prestes a passar por um teste intenso e prematuro.
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