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Opinião

Big techs e redes sociais viram tema quente e impactante na eleição dos EUA

Toda eleição presidencial nos Estados Unidos roda em torno de assuntos como imigração, aborto, empregos, tensões com Rússia e China, além dos conflitos no Oriente Médio. Você não está acostumado a ver o tema da tecnologia ganhar destaque nos comícios e nos debates presidenciais, mas a cada edição ele vai se impondo de maneira menos silenciosa.

Tecnologia é tanto um tema para os programas de governo quanto uma ferramenta para as campanhas presidenciais. Assuntos como a regulação de plataformas e o futuro da inteligência artificial geralmente constam dos programas das chapas.

Como nas eleições de 2024 ambos os candidatos foram ou são presidente ou vice-presidente, as suas atuações sobre temas de tecnologia oferecem uma janela adicional para entender as suas diferentes perspectivas.

Na coluna de hoje vamos falar mais sobre redes sociais, um dos campos nos quais o jogo das eleições norte-americanas é jogado.

O X a favor de Trump (mas sem Trump)

Até aqui um curioso estado das coisas vai se formando: Trump, depois de banido, foi readmitido em algumas das principais redes sociais.

Todavia, o ex-presidente tem preferido se comunicar com os seus eleitores através da sua rede própria, a Truth Social.

No X (antigo Twitter) e em demais redes, seus apoiadores fazem o papel de espalhar a sua mensagem e defender seus pontos de vista.

Do outro lado, vídeos curtos e memes apoiando Kamala Harris invadiram redes como o TikTok.

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Se estava difícil criar memes convincentes e engajantes com Joe Biden, os democratas agora contam com uma série de vídeos de Kamala dançando em diversas ocasiões, com os usuários colando em cima as mais diferentes músicas e ritmos. Axé, Kamala!

Um ponto para ficar de olho nessas eleições dos EUA é como cada rede social pode assumir um papel diferente.

Essa é a primeira vez em que uma eleição presidencial vai acontecer com o dono de uma das principais redes não apenas declarando apoio a um dos candidatos, mas ativamente publicando conteúdos contra a adversária.

O quanto o apoio de Elon Musk a Trump faz com que o X se torne um território trumpista e hostil aos democratas?

Esse ponto é importante porque até então são os republicanos que mais reclamam sobre falta de transparência das plataformas na moderação de conteúdo, supostamente calando vozes conservadoras através da remoção de postagens, suspensão de contas ou mesmo a redução da visibilidade de alguns conteúdos.

Será que ao final dessas eleições, a depender do resultado, vamos ver o mesmo movimento do lado democrata, alegando que na rede social de Musk vozes progressistas foram silenciadas, talvez não tanto pela remoção de conteúdos, já que moderação não é o forte do X, mas por visões sobre como as publicações são distribuídas e visualizadas na rede social?

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Seja através dos questionamentos sobre moderação de conteúdo ou pela via da transparência algorítmica, é certo que o papel das redes sociais nessas eleições vai aquecer os debates sobre regulação de plataformas.

Projeto 2025 e visões de Vance

O Projeto 2025, extenso relatório que procura criar uma visão conservadora para um novo governo Trump, traz duras críticas às redes sociais. Embora tenha sido produzido por lideranças conservadoras e antigos integrantes do governo Trump, o candidato republicano vem buscando se distanciar do relatório.

Segundo o documento, algumas redes sociais "atacam crianças, como traficantes de drogas, para viciá-las em seus aplicativos móveis."

Ao enfatizar o papel da família no contexto da tecnologia, o Projeto 2025 afirma que "TikTok, Instagram, Facebook, Twitter e outras plataformas de redes sociais são especificamente concebidas para criar as dependências digitais que alimentam a doença mental e a ansiedade, para desgastar os laços das crianças com os seus pais e irmãos."

Uma figura que tem gerado muita especulação sobre o seu olhar com relação à internet e às redes sociais é J.D. Vance, o vice de Trump e atual senador pelo estado de Ohio.

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São pelo menos três pontos que vale a pena prestar atenção nos posicionamentos de Vance pelos próximos meses: moderação de conteúdo, proteção de crianças e antitruste.

Sobre moderação nas redes sociais, Vance compartilha da mesma visão de seus colegas republicanos sobre a existência de um viés progressista por parte das empresas e que isso prejudicaria vozes conservadoras.

Não raramente republicanos acusam o governo Biden de pressionar as plataformas para removerem conteúdos de forma inapropriada, mesmo tendo a Suprema Corte recentemente decidido que contatos do governo com as empresas sobre conteúdos nas redes não viola a Constituição.

Se existe um assunto que pode mobilizar esforços tanto de republicanos quanto de democratas é a proteção das crianças nas redes.

Vance, que já falou sobre o assunto, pode escolher surfar na onda dos diversos projetos de lei sobre o tema que estão em discussão no Congresso Nacional e nos estados.

Mas se tem uma perspectiva do vice de Trump que surpreende é a sua postura sobre a concentração de mercado nas mãos das big techs. Mesmo tendo uma postura antirregulação em geral, quando se trata das grandes empresas de tecnologia a posição de Vance é outra.

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Ele entende que o poder que essas empresas possuem precisa de um freio. Nesse sentido, ele já cruzou a linha que divide os partidos para elogiar a atuação de Lina Kahn, diretora da Federal Trade Commission, que fiscaliza a concorrência nos EUA. Segundo Vance, ela seria "uma das poucas pessoas no governo Biden que está fazendo um bom trabalho".

Esse cenário vai revelando o papel cada vez mais determinante que as redes sociais vão desempenhar nessas eleições.

Sendo tanto tema como ferramenta de campanha, algumas peculiaridades dessas eleições podem criar um modelo a ser exportado para outros países.

Rede social com dono apoiando um candidato, a presença de Trump meio que por procuração na rede X, além de políticos cada vez mais falando sobre e nas redes. Essa é a cara do novo capítulo que começa sobre a relação entre eleições e redes sociais.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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