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Bandeira LGBTQIA+ vira treta em prédio, mas final emociona geral no Twitter
Uma thread sobre um protesto solitário nas comemorações de 7 de setembro deixou os internautas encantados. A bandeira que representa a comunidade LGBTQIA+ ficou exposta na varanda de um jovem enquanto o país vivia atos pró-Bolsonaro em que manifestantes ostentavam as cores verde e amarela.
O autor do tuíte é Guilherme Carvalho Melo, 28 anos, advogado de Manaus. Ele conta à coluna que estendeu a bandeira como forma de protesto porque acredita na força dos símbolos. A situação teve um desdobramento que chegou a assustar Guilherme, mas que depois se mostrou um grande símbolo de solidariedade e esperança.
"Ver as ruas, varandas, janelas, carros, lojas e pessoas ostentando o verde e amarelo na semana da pátria, mas pelos motivos errados, e em período pós-olimpíadas, quando começávamos a nos reconectar com a bandeira, talvez tenha potencializado a revolta das pessoas", diz.
Segundo ele, as pessoas enxergam na bandeira LGBTQIA+ algo além do que a identificação de um grupo.
"A bandeira na minha varanda gerou nos meus vizinhos sensação de pertencimento. A carta deles me despertou a mesma coisa e acabou que nos retroalimentamos desses sentimentos. A mesma coisa, mas em maior escala, aconteceu com o post. Todos ali não se sentiram sós", afirma.
Guilherme ficou surpreso demais ao ler a carta e chorou de alívio.
"Nós, LGBTs, estamos sempre em posição de alerta para nos defendermos. A primeira coisa que fiz ao ver o envelope foi tirar fotos para eventualmente provar o cometimento de um crime, e depois fiquei encarando ele porque eu estava com medo de abri-lo e ter algum veneno lá. Falando desse jeito parece uma exagerada teoria da conspiração, ocorre que desde a infância nós somos confrontados com situações tão absurdas que nossos corpos e mentes foram talhados à sobrevivência", diz.
O advogado conta que já sofreu preconceito por ser LGBT, mas de forma amena e velada. "Logo no começo da faculdade, com uns 18, 20 anos, ouvia muito: 'ele é gay, mas é super inteligente' ou 'ele fala tão bem, pena que é gay'. E na hora, isso me dava uma falsa sensação de pertencimento, além de massagear o meu ego porque tomava como elogio. Com o tempo passou a me incomodar", lembra.
Para ele, tão importante quanto perceber que sofreu preconceito é compreender quando se pratica. "Só assim evoluímos verdadeiramente e conseguimos fazer essa roda de retrocessos parar de girar".
O advogado atribui o preconceito que a comunidade LGBTQIA+ sofre principalmente à falta de informação. "Se sentimos medo de algo é porque acreditamos, ainda que involuntariamente, que aquilo nos ameaça de alguma forma. O medo a que eu me refiro vai desde o mais ameno, como um desconforto, até a fobia. Só compreendemos aquilo que nos é ensinado", afirma.
Ele diz que é muito importante ocupar espaço, quer seja nas ruas, empresas, mídia, arte, política, esporte, órgãos públicos ou varandas. Só assim essas estruturas continuarão a ruir e serão substituídas por outras.
"Ver a bandeira LGBT estendida lembra que você não está só. Que há mais como você por aí. Que ocupamos lugares. Que certas noções e atitudes não têm espaço ali. A conquista de direitos passa pela visibilidade e eu não quero que o meu amor e dos meus seja novamente posto no armário", finaliza.
Na noite de ontem (15), o jovem compartilhou mais um desdobramento dessa história com final feliz.
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