Construindo loucas realidades: Trump forja apoio de Taylor Swift usando IA
Na minha última coluna, eu escrevi que a nova IA (Grok-2) do Elon Musk iria botar fogo nas eleições americanas por permitir a criação de imagens sem muito filtro, inclusive de pessoas públicas e políticos. Eu só não imaginava que veríamos consequências rápidas e tão descaradas de uso de IA por parte dos próprios candidatos.
Mas não podemos duvidar da ousadia de Donald Trump em explorar todas as formas possíveis de comunicação para conseguir o que deseja.
O candidato do Partido Republicano usou suas redes sociais para postar duas imagens geradas por IA para justamente tentar bagunçar as eleições.
Na primeira imagem, postada na sua conta no X (antigo Twitter), traz a sua adversária Kamala Harris vestida de vermelha em um evento de um Partido Comunista. Ao fundo há uma grande bandeira com a foice e martelo enquanto a plateia é formada apenas por militares com bonés no melhor estilo comunista.
Um letreiro com a palavra "Chicago" faz alusão à cidade onde acontece a convenção democrata que oficializa a candidatura de Kamala à presidência.
Mas foi outro conteúdo que chamou ainda mais atenção. O ex-presidente postou em sua conta na TruthSocial uma imagem falsa de Taylor Swift pedindo que as pessoas votassem nele.
Vestida com a cartola do Tio Sam, a estrela pop aponta para a audiência com a legenda "Taylor quer que você vote em Donald Trump". Também tem outras imagens de fãs da cantora pedindo o mesmo apoio.
Trump ainda teve a cara de pau de comentar "Eu aceito".
Apesar de a cantora ainda não ter declarado apoio formal a nenhum candidato, nas últimas eleições ela foi uma forte apoiadora de Joe Biden e Kamala Harris.
Quem não lembra da foto que viralizou em que Taylor Swift segura uma bandeja com cookies com o nome dos candidatos democratas?
No multiverso da loucura impulsionada pela IA, cada um pode construir as próprias realidades.
No momento em que Trump precisa do apoio dos mais jovens, ele usa todas as armas para convencer que tem o apoio de quem é a antítese de tudo o que ele pensa.
Apesar de absurda, essa estratégia pode funcionar em uma sociedade mediada por algoritmos que criam microcosmos de contextos para cada pessoa.
Não sabemos ao certo quais ferramentas foram usadas para produzir esses materiais, mas o fato é que modelos sem filtros vão facilitar e baratear esse processo.
Como tenho escrito, a IA generativa está virando uma poderosa ferramenta para aumentar ainda mais a dissonância cognitiva.
No Brasil, a coisa está um pouco mais controlada. O TSE criou regras que inibem os candidatos de usar deep fakes criadas por IA.
Como eu escrevi em uma coluna anterior, as diretrizes não impedem os apoiadores e grupos organizados de usarem essas armas, mas pelo menos evita que uma situação como a de Trump ocorra por aqui.
Opinião
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