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Em ranking de unicórnios, TikTok vale (muito) mais que empresa de Elon Musk
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A ByteDance, empresa que controla o app TikTok (chamado de Douyin, na China) aparece em primeiro lugar, com larga vantagem sobre os demais colocados, em um ranking global de unicórnios, divulgado esta semana pelo instituto de pesquisas econômicas Hurun.
Unicórnio é como são chamadas as empresas que superam o valor de mercado de US$ 1 bilhão e ainda não fizeram abertura de capital em bolsas de valores. A fintech brasileira Nubank, por exemplo, era assídua frequentadora destes rankings, mas deixou de sê-lo agora, já que abriu capital no início deste mês.
No ranking da Hurun, a ByteDance aparece com valor de mercado de US$ 353 bilhões. O número é três vezes maior que o anotado há um ano, quando a empresa foi avaliada em "apenas" US$ 80 bilhões e reflete o crescimento explosivo da rede social TikTok.
Os números são especialmente relevantes quando se observa o cenário hostil que a ByteDance enfrentou ao longo de 2021, como dificuldades regulatórias.
Na China, seu maior mercado, a vida ficou mais difícil para a ByteDance como, de um modo geral, para qualquer big tech chinesa. Multas regras duras para o uso de dados dos usuários e restrições no uso do app por menores foram impostas ao superunicórnio.
Nos Estados Unidos, segundo maior mercado da ByteDance, a vida não foi mais simples: ainda mais obstáculos, restrições e até ameaça de banimento do país por acusações de não proteger adequadamente os dados de usuários americanos.
À "tempestade perfeita" somou-se a decisão da empresa de não abrir capital em 2021. Decisão inteligente, já que o cenário é ruim para captação de dinheiro. Como tem custos elevados, sobretudo por conta de seu marketing agressivo, a ByteDance cortou um dobrado para se financiar ao longo do ano.
Mesmo com tantos problemas, o algoritmo viciante da empresa e sua estratégia brilhante para ganhar novos usuários (e receitas, com formas criativas de fazer publicidade e vender produtos online), o valor da ByteDance chegou ao topo do ranking.
O segundo colocado global também é uma big tech chinesa, a Ant Financial, empresa de serviços financeiros do grupo Alibaba.
A Ant possui uma posição privilegiada no mercado chinês de pagamentos mobile, que por sua vez é o maior mercado de pagamentos mobile do mundo. Não por outros motivos, a Ant já teve "valor de mercado" estimado em mais de US$ 400 bilhões, o que a fazia, há dois anos, a maior fintech e maior unicórnio do mundo.
O valor da empresa, no entanto, desabou frente à pressão de reguladores chineses... e atualmente é avaliada em "modestos" US$ 150 bilhões.
A empresa não-chinesa melhor colocada no ranking é a SpaceX, de Elon Musk, avaliada em US$ 100 bilhões, o que lhe dá a terceira posição no ranking.
A análise do Hurun afirma que as grandes empresas chinesas de tecnologia são muito habilidosas em transformar divisões internas em novas startups. Quando uma empresa nasce a partir de outra maior, ela é chamada de "spin-off" no jargão dos investidores.
Pois bem, o ranking mostra que das 50 spin-offs mais valiosas do mundo, 49 são chinesas. Assim, conclui a Hurun, as big techs chinesas estariam se movimentando "muito mais rápido, para criar novas divisões de negócios" que suas equivalentes americanas, como Microsoft, Amazon e Alphabet, a dona do Google, todas citadas expressamente no relatório da Hurun.
Tanto crescimento só pode gerar arrepios na profícua e globalmente dominante indústria tech americana. Não à toa, os Estados Unidos pedem o boicote a várias das big techs chinesas sob o nada criativo argumento de que elas são usadas para espionagem e de que se beneficiariam do "desrespeito aos direitos humanos" em seu país de origem.
Como sabemos, os Estados Unidos nunca espionam ninguém, bem como nunca tiveram problemas com respeito aos direitos humanos, não é mesmo?
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