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Felipe Zmoginski

REPORTAGEM

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Carro inteligente: China libera táxi autônomo em áreas de trânsito intenso

Em Shenzhen, a "capital tech da China", carros autônomos do Baidu já vão até o centro da cidade - Divulgação
Em Shenzhen, a "capital tech da China", carros autônomos do Baidu já vão até o centro da cidade Imagem: Divulgação

26/02/2022 04h00

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Pegar uma carona em um táxi autônomo não é algo exatamente novo na China, já que desde 2017 veículos do tipo já fazem o "pick up" e "drop-off" de passageiros em diferentes municípios do país. Nos últimos anos, no entanto, as viagens "comerciais" destes carros autônomos foram limitadas às periferias das grandes cidades, zonas baixamente povoadas e de tráfego leve.

O motivo para tais restrições é óbvio: não havia confiança para os carros autônomos se embrenharem no centro das grandes cidades, disputando espaço com milhares de motoristas humanos, tráfego pesado, criancinhas saindo das escolas, ciclistas e motos elétricas cruzando as avenidas freneticamente. Enfim, o trânsito da "vida real".

O lento processo de "regulamentação" deste tipo de transporte, no entanto, teve um impulso forçado com a pandemia ao longo de 2020 e 2021. No período, com as medidas de isolamento social e as restrições de locomoção, autoridades de Pequim liberaram o uso de pequenos carros autônomos para levar e trazer compras de supermercados, lojas de varejo e farmácias nas maiores cidades do país.

Os resultados da experiência, além da menor contaminação de entregadores e da sociedade como um todo, anotaram que os carros autônomos... bingo!... funcionam.

Sem incidentes graves e com taxas elevadas de sucesso, o uso da automação no delivery de mercadorias ajudou a amadurecer as tecnologias de reconhecimento de objetos e roteirização por inteligência artificial.

Os dados coletados ao longo de 2020 e 2021 permitiram que, agora, prefeituras de grandes cidades liberassem carros para transporte humano em suas regiões mais povoadas.

Empresas como a Didi, que no Brasil é a dona da 99, e techs como a Pony.ai e Auto X tiraram seus carros que rodavam apenas na periferia das megalópoles chinesas e os colocaram a disposição de passageiros em áreas centrais de cidades como Nanquim e Shenzhen, esta última a "capital tech" da China, sede das maiores empresas de tecnologia do país.

Justamente em Shenzhen, Baidu, uma das empresas líderes no desenvolvimento de tecnologias para automação de carros, anunciou que oferecerá já nesta semana "uma frota massiva" de veículos para circular entre os endereços mais densamente povoados da cidade, como os distritos de OTC e Nanshan.

Em seu comunicado, a empresa não informa exatamente quantos veículos colocará a disposição dos moradores de Shenzhen, mas jornais locais falam que "uma centena" de táxis autônomos já começaram a rodar pelas avenidas mais movimentadas da cidade.

O Baidu já oferece, em caráter de teste, carros autônomos em dez cidades chinesas, número que deve crescer para 65 em três anos e beneficiar mais de 100 municípios até 2030, segundo projeção da própria empresa.

Neste momento, por uma exigência legal, um motorista humano deve ficar sentado ao volante, para atuar em caso de emergência. Esta restrição, no entanto, deve cair se a tecnologia se comprovar madura e segura ao longo dos próximos seis meses de teste.

Para usar um carro autônomo do Baidu, o usuário deve instalar o app Apollo.co, nome do projeto de carros inteligentes da empresa.

Hoje, os veículos não fazem rotas livres, como levar um passageiro da porta de sua casa até a porta do escritório, por exemplo. Há 50 pontos pré-definidos de embarque e desembarque e o usuário deve dirigir-se a um deles para fazer uma viagem "autônoma".

Pontos como o aeroporto de Shenzhen, estações de trem, garagens de shopping centers e centros comerciais são locais indicados para fazer o pick-up ou drop-off.

De acordo com engenheiros da empresa, esta limitação faz parte do processo de testes, uma vez que a tecnologia se mostra mais madura para a realização de trajetos previamente programados, ao invés de viagens livres, em que o passageiro pode definir qualquer local para entrar ou sair do carro.

O Baidu também opera, em caráter de testes, pequenos ônibus autônomos em diferentes cidades da China.

Maior mercado automotivo do mundo, a China é um país que "perdeu a oportunidade" dos carros a combustão, já que as marcas mais famosas e desejadas da indústria automotiva são, quase todas, americanas e europeias; eventualmente japonesas.

Agora, no entanto, o país acredita que poderá liderar "a próxima era" dos automóveis, movidos a energia renovável e não poluente e capazes de cumprir deslocamentos sem motoristas.

Atualmente, a China já é o maior mercado para carros elétricos, a frente do segundo colocado, a União Europeia e do terceiro, os Estados Unidos.