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Um robô chinês conseguiu clonar porcos sem ajuda de ninguém. E agora?
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Uma empresa de biotecnologia chinesa usou robôs autônomos capazes de analisar problemas e tomar decisões por si só, movidos por inteligência artificial (IA). A primeira aplicação que a Clonorgan Biotechnology executou, em um projeto realizado em parceria com a Universidade de Nankai, na província de Chengdu, foi a clonagem de porcos de forma automatizada.
Pode parecer pouco, mas não é. A inovação, se aplicada em larga escala, tem o potencial de elevar enormemente a produção de alimentos, na China e no mundo. Mas não só isso.
Se não, vejamos. Atualmente, o processo de "clonagem" de animais é feito por meio de manipulação humana, em um trabalho metódico, delicado e profundamente especializado.
De forma simplificada, podemos dizer que a "clonagem" consiste em obter óvulos da fêmea de um animal e, cuidadosamente, em um microscópio, remover manualmente o "núcleo" dessa célula reprodutiva. Do mesmo modo, com células do animal a ser clonado em mãos (ou melhor, na lâmina de um microscópio), remove-se seu núcleo, ou algo que os especialistas chamam de "parcela somática".
Aí vem outra fase, ainda mais delicada: injetar o núcleo somático do animal que será clonado no óvulo preparado para recebê-lo. Humanos devidamente treinados são capazes de executar estas tarefas e, a seu fim, colocar o resultado para desenvolvimento in vitro. Se evoluir bem, a ponto de formar um embrião... voilà! Pode-se implantá-lo no útero de uma porquinha.
Obviamente, há muitos erros e falhas neste processo de manipulação biológica.
Na Universidade de Nankai, a cada dez células manipuladas, apenas uma "vinga" e se torna uma vida nova.
De acordo com os testes realizados pela Clonorgan, o uso de robôs movidos a IA elevou a taxa de sucesso para 27,5%. A explicação é simples: robôs erram menos e danificam menos as células ao manipulá-las.
Se for aplicado em escala, os ganhos deste procedimento são enormes.
O primeiro, mais óbvio, é baixar o custo. Ao liberar a cara e altamente treinada mão de obra científica, reduz-se o custo da clonagem.
O segundo é igualmente auspicioso: quando a produtividade sobe de 10% para 27,5 %, você consegue gerar quase três vezes mais porcos clonados com o mesmo esforço.
Bem, mas por que clonar porcos é tão importante?
A China, maior mercado mundial de carne suína, ainda precisa importar —de parceiros eventualmente hostis, como os Estados Unidos— parte da carne que consome.
A clonagem em larga escala de animais de excelente genética deve permitir uma melhor produção. Animais que crescem mais rápido, que acumulam menos gordura entre suas carnes e eventualmente que sejam mais resistentes a infecções.
Há dois anos, por exemplo, uma "febre africana" fez o país abater 500 milhões de suínos.
Com uma produção mais eficiente de proteína animal, a China, que atualmente produz 95% da carne que consome, poderia não só tornar-se autossuficiente como uma exportadora líquida de carne.
Paradoxalmente, o Brasil, grande exportador de carne, poderia se beneficiar do avanço desta tecnologia, já que nosso país, sozinho, responde por 50% da soja importada pela China... com a finalidade justamente de alimentar seus rebanhos suínos.
Todos os pesquisadores envolvidos no estudo, no entanto, explicam que o uso de robôs autônomos para tal processo está, ainda, em fase de testes.
Em entrevista à mídia chinesa, os diretores da Clonorgan afirmaram que dados detalhados do processo robóticos serão publicados em uma revista científica ainda este mês.
Outra aplicação é a clonagem de porcos com adaptação genética, para a produção de tecidos e órgãos que possam ser usados em transplantes para humanos. Ela vem sendo pesquisada pela Universidade de Nankai, parceira da Clonorga.
Em todos os casos, os avanços científicos têm que lidar com dilemas éticos, como o sofrimento animal envolvido em todos estes processos, o que já ocorre, aliás, na pecuária e suinocultura tradicionais.
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