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Felipe Zmoginski

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Viu no TikTok, clicou, comprou: live commerce deve superar R$ 1 tri por ano

Yan Di e Zheng Zhang, da Mobocity, se inspiraram na China para promover o live commerce no Brasil - Divulgação
Yan Di e Zheng Zhang, da Mobocity, se inspiraram na China para promover o live commerce no Brasil Imagem: Divulgação

09/06/2022 04h00

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A ascensão do live commerce é um fenômeno que tem data para encontrar seu pico: o ano de 2027. Em cinco anos, de acordo com uma projeção da empresa alemã Statista, este tipo de comércio deve movimentar mais de US$ 240 bilhões no mundo, o equivalente a mais de R$ 1 trilhão.

Segundo o chinês Yan Di, recém-anunciado CEO da empresa brasileira de suporte a lives Mobocity, o live commerce vai crescer no mundo porque é a forma mais eficiente de acessar os consumidores. "Há diversos desafios para operar vendas bem-sucedidas via live, mas se executada corretamente, tem alta eficiência", diz.

O sucesso desta forma de venda é apoiado em uma mudança de comportamento dos consumidores que já causa abalos na indústria de tecnologia: a popularização dos vídeos curtos. Este formato de conteúdo, consagrado em redes como o TikTok, está drenando a audiência de redes tradicionais.

Não à toa, o YouTube (Shorts), o Instagram (Reels) e o Facebook (Stories) entraram de cabeça, tronco e membros nos vídeos curtos.

À medida que este formato se torna predominante, é um caminho natural que marcas e plataformas de varejo online promovam vendas nestes canais.

O argumento é simples:

  1. É onde estão os consumidores;
  2. É um método eficiente para encantar e gerar vendas.

Graças às ferramentas de analytics, os serviços de vídeos curtos sabem que João andou pesquisando uma mochila nova e Maria quer trocar de smartphone. Assim, é possível entregar —como, aliás, já acontece com a publicidade digital "tradicional"— o anúncio certo para (provavelmente) a pessoa certa.

O pulo do gato está no fato de as transmissões "ao vivo", dentro de apps de vídeos curtos, permitirem maior engajamento.

Em uma live pode-se tirar dúvidas com o vendedor e pode-se realizar o ciclo completo de compra, o que inclui o pagamento.

Em países como a China, em que o mobile payment é onipresente, clicou, comprou. Por lá, uma a cada cinco vendas online ocorre via live commerce.

Os números do mercado chinês, para variar, são estonteantes. Se somados os dez live streamers mais bem-sucedidos do país, eles vendem, por ano, o equivalente a todo e-commerce brasileiro no mesmo período. Nada mal, para um punhado de indivíduos que sequer formariam um time de futebol completo.

Live commerce no Brasil

De acordo com Yan Di, há exigências como "realizar muitas lives", de forma que se possa captar diferentes audiências ao longo do dia, ter acesso a "live analytics", que permitem ao apresentador modular seu discurso, para garantir mais engajamento e conversão e oferecer preços atraentes, bem como "entregar sua live" em múltiplas plataformas, de forma a impactar audiências maiores.

"Para construir a cultura de comprar via lives, em mercados como o Brasil, as marcas devem oferecer vantagens para o consumidor em relação a uma compra comum, como dar descontos e cupons", afirma.

Como é praxe em movimentos de transição tecnológica, quem sai na frente arca com subsídios... mas fatura os louros do pioneirismo.

Com mais de 200 milhões de internautas, uma incipiente rede 5G e uma base de usuários de pagamentos digitais —como Pix— em rápida ascensão, o Brasil reúne todas as características para se tornar, também, um mercado-chave no comércio por lives. A conferir.