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Influencers agora devem seguir regra do governo chinês para atuar nas redes
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Na China, como na maior parte dos países com grande população online, influenciadores digitais se tornaram celebridades capazes de determinar os rumos do consumo, do comportamento e do pensamento de seus cidadãos. Há dois anos apertando a regulação contra as big techs de seu país e tentando moldar o futuro da sociedade digital chinesa, o governo local decidiu que era hora de criar normas também para os influencers.
Desde o final de junho, influencers que dão dicas de saúde, recomendam dietas, ensinam a fazer exercícios ou mesmo apresentam orientações sobre como lidar com problemas de saúde (física ou psicológica) devem aderir a um código de ética.
Entre as regras estabelecidas no código, há limitações para pessoas sem formação em ciências biológicas, como medicina, enfermagem ou fisioterapia, para explorarem determinados temas.
Isso vale para influencers que arregimentaram sua audiência ensinando os seguidores a lidar com problemas burocráticos, resolver conflitos com ajuda do Judiciário ou como tocar processos de separação de casais e guarda dos filhos. Para opinar sobre estes temas, é preciso ter conhecimentos jurídicos comprovados, ainda que não seja obrigatório ter um diploma em direito.
A definição de normas para atuar nas áreas legal e de saúde em redes sociais como Douyin (a versão local do TikTok) ou no WeChat é apenas uma das medidas de Pequim para tentar organizar o mundo digital chinês.
Há seis meses, o órgão equivalente ao ministério da Educação no país homologou, por exemplo, a criação de cursos superiores para as carreiras de live streamer e vendedor de live commerce.
Assim, como é possível formar-se em engenharia, jornalismo ou odontologia, agora é possível também ter um diploma universitário que forme o estudante em live streaming.
O raciocínio primeiro de um observador de China é pensar que tais medidas visam disciplinar e, talvez, catequizar os influencers, para que seu comportamento não fuja (muito) das expectativas do governo local, notadamente um regime centralizador.
No entanto, para muitos analistas, há outras formas —ais simples, econômicas e eficazes— de reprimir eventuais rebeldes digitais. O objetivo primeiro das medidas seria, antes, não permitir que uma geração toda de jovens fãs de aplicativos de internet passem ao largo de uma qualificação profissional universitária.
Nos cursos de live streaming, por exemplo, estuda-se iluminação, dicção, roteiro, mas também estatística, programação e administração de empresas.
Para efeito de comparação, no Brasil, de acordo com dados coletados pela Nielsen, há 500 mil influenciadores, frente 374 mil dentistas formados e 455 mil engenheiros civis.
As medidas em voga na China, neste contexto, visariam qualificar quem deseja ser um influenciador e, ainda, impedir que a ação de pessoas leigas em temas como lei e medicina, espalhem notícias e dados equivocados, que possam causar prejuízo à sociedade.
O caso chinês é relevante por ser uma grande economia exercendo, de forma pioneira, uma regulação mais restrita sobre influenciadores e está em linha com o desejo das autoridades pequinesas de controlar mais de perto os efeitos da radical digitalização de sua sociedade.
No final de 2021, por exemplo, o Centro de Administração Cibernética, órgão com status de ministério no país, determinou que menores de 16 anos não podem ficar conectados a lives após as 22 horas.
O mesmo órgão impôs a Bytedance, empresa controladora do TikTok, que contas de crianças chinesas sejam bloqueadas, temporariamente, se eles ultrapassarem 40 minutos diários assistindo a vídeos curtos.
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