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Felipe Zmoginski

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Clique no vídeo do TikTok para pedir comida: novo delivery bomba na China

TikTok (que se Douyin na China) deve fechar seu ano fiscal com US$ 14 bilhões em vendas apenas de alimentos - Dado Ruvic/Reuters
TikTok (que se Douyin na China) deve fechar seu ano fiscal com US$ 14 bilhões em vendas apenas de alimentos Imagem: Dado Ruvic/Reuters

23/06/2023 04h00Atualizada em 23/06/2023 10h11

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Os apps de vídeos curtos são, possivelmente, a principal inovação na internet da China, com reflexos em todo o mundo, em toda uma década. Senão, vejamos. A ascensão do Kwai e do TikTok (na China chamado de Douyin) deu, pela primeira vez, projeção às empresas de software fora de seu país.

Se o país asiático é muito reconhecido por sua exportação de produtos físicos —como eletrônicos, carros, brinquedos e equipamentos de todo o tipo— suas redes sociais e aplicativos nunca conquistaram fãs mundo afora. Até, claro, surgir o TikTok, que hipnotiza centenas de milhões de usuários de todo o planeta. Não à toa, o app se tornou pauta na geopolítica contemporânea, com ameaças de lado a lado de bloqueio ao app.

Mais do que isso, os vídeos curtos e as lives chinesas influenciaram o modelo de negócios de titãs globais, como Meta e Alphabet.

  • O YouTube estreou o Shorts
  • O Instagram o Reels
  • E o Facebook o Stories.

Há algumas semanas, publiquei aqui como até as novelas de TV se readaptaram para o formado de vídeos curtos. No Kwai, são famosas (na China e no Brasil) as novelinhas com vídeos entre 1 e 3 minutos, os conteúdos da "Tele Kwai", também replicados no TikTok.

Na última semana, a imprensa chinesa publicou que o TikTok (Douyin) deve fechar seu ano fiscal com US$ 14 bilhões em vendas apenas de alimentos.

Plataformas de alimentação e restaurantes variados têm usado o app para oferecer comida à sua audiência.

Você clica no prato que aparece sendo preparado (ou servido) em um vídeo curto e —voilà!— um motoqueiro sai com uma refeição quente para entregar em sua casa.

O food delivery do TikTok só está disponível em algumas cidades chinesas, como Xangai e Pequim. Mesmo assim, o app já é o terceiro "player" deste mercado na China, atrás apenas de Ele.me e Meituan, que juntos respondem por 90% das entregas de comida no país.

A "pequena operação" de entrega de comidas do TikTok deve contribuir com US$ 2 bilhões em receitas para a empresa neste ano fiscal. Para efeito de comparação, o líder absoluto em entregas por app no Brasil fechou seu último ano com receita equivalente a US$ 991 milhões.

Para além dos serviços (entrega de comida), os apps de vídeos curtos transformaram definitivamente o e-commerce no país.

As vendas por meio de vídeos curtos e de lives nestes apps dão mais US$ 12 bilhões à receita anual do TikTok apenas na China.

O número é relevante, sobretudo, se levarmos em conta o grau ultracompetitivo do e-commerce chinês, em que corporações já bem posicionadas, como o Alibaba, Jing Dong e Pin Duo Duo, tinham todas as vantagens para proteger suas plataformas contra um novo entrante. E eis que os apps de vídeos curtos realizaram esta façanha.