Felipe Zmoginski

Felipe Zmoginski

Siga nas redes
Só para assinantesAssine UOL
Reportagem

Com Pix e 5G, Brasil reduz atraso em relação à China e avanço é elogiado

Há pelo menos uma década a China é uma referência mundial em avanço tecnológico, dividindo a liderança em áreas como inteligência artificial, internet das coisas e pagamentos móveis com os países mais avançados do Ocidente. Para muitas sociedades nas periferias do sistema de inovação, como o Brasil, a sensação de atraso é evidente.

Viajar pela China em 2023 confirma que o país asiático está muitos passos adiante do Brasil em múltiplas áreas, notadamente no setor industrial, que por lá é muito mais diversificado e avançado. Por aqui, porém, muitas das tecnologias, antes vistas apenas no exterior, já estão chegando - e sem muita distância para outros mercados, como o chinês.

O exemplo mais icônico é o de pagamentos móveis. Por anos, a China nadou de braçada neste segmento ao digitalizar as transações financeiras por meio de apps como WeChat e AliPay, onipresentes nos celulares chineses. Agora, no entanto, o pagamento mobile, que ainda é uma miragem em muitos mercados, tornou-se uma realidade no Brasil, graças ao Pix.

Durante reuniões que tive na China sobre o sistema de pagamentos, foram entusiasmados os elogios ao rápido avanço do Brasil neste setor. Parte em função da pandemia e do pagamento do auxílio emergencial, milhões de brasileiros criaram suas contas bancárias digitais e ativaram o Pix em seus smartphones.

Outra diminuição no gap tecnológico é a implementação das redes 5G em todas as capitais e nas maiores cidades do Brasil. Em 2019, era evidente a desvantagem brasileira: a gente só via 5G pela televisão.

O uso de aplicações de reconhecimento facial para validar a identidade, uma singularidade chinesa há 4 anos, hoje é um lugar-comum no Brasil. Está disponível em condomínios de prédios, apps de bancos e até em lojas de varejo. Este último setor, aliás, modernizou-se durante e pós pandemia, em um verdadeiro ritmo "50 anos em cinco". Sinal disso é que, antes da pandemia, o varejo nacional tinha apenas 5% de suas vendas concentradas em canais online. Agora, são 15%, segundo dados do e-commerce Brasil.

Evidente que todos estes avanços significam "apenas" que o Brasil absorveu novas soluções e foi capaz de implementá-las, com sucesso, na economia doméstica. O que não quer dizer que o Brasil tenha se sofisticado em sua cadeia de pesquisa e inovação. Por si só, isso é trágico para o futuro do país.

Afinal, ainda temos na exportação de commodities, um segmento primário e de baixo valor agregado, um pilar fundamental de nossa economia.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.