Felipe Zmoginski

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Opinião

População da China encolhe e pressiona aposta em alta tecnologia; entenda

Por décadas o país mais populoso do mundo, a China vive agora às voltas com o encolhimento de sua população que, aliás, está ficando mais velha. Em maio do ano passado, as Nações Unidas declararam que a Índia havia se tornado a nação mais populosa do mundo, registrando 1,45 bilhão de habitantes, ante 1,43 bilhão de chineses. Agora são dados da "Chinese Academy of Social Reseach" (CASR) que referendam este fenômeno.

De acordo com a entidade, em 2023, a população do país encolheu em 2,08 milhões. Em 2022, o saldo demográfico já havia sido negativo: um recuo de 850 mil pessoas na população total. A responsável pela mudança na curva demográfica não são as mortes. A expectativa de vida, no país, é a maior de sua história. O que ocorre é que, simplesmente, cada vez mais chineses não querem ter filhos.

De acordo com os números da CASR, em 2023, houve "apenas" 9,02 milhões de nascimentos. É o número mais baixo anotado nos últimos 70 anos de registros. Isto significa, basicamente, que há menos crianças nascendo hoje na China do que nos anos de grave fome (como entre 1959 e 1961) ou durante os períodos de guerra e ocupação estrangeira.

O motivo da mudança comportamental não é difícil de explicar.

A China enriqueceu, as mulheres passaram a ter plena inserção no mercado de trabalho e os casais a desejarem ter apenas um ou nenhum filho.

Mal comparando, é o que já acontece, há anos, em regiões ricas do mundo, como o norte da Europa ou o Japão. A diferença desses países para a China é que a renda per capta dos chineses ainda é relativamente baixa. Daí os especialistas falarem em fim do bônus demográfico antes da hora.

Atualmente, há 300 milhões de chineses com mais de 60 anos vivendo no país ou o equivalente a pouco mais de 20% da população total. É uma enormidade de gente que, em pouco tempo, não estará mais apta para o mercado de trabalho, sem que existam jovens em volume adequado para substituí-los.

A preocupação com a queda na natalidade é tamanha que algumas províncias anunciaram uma espécie de "Bolsa Família" no valor de mil yuans por mês (algo equivalente a R$ 800) para jovens casais que tiverem o segundo filho. Uma mudança e tanto para o país que, por longos anos, promoveu a política do filho único como forma de controlar o tamanho de sua população.

As mudanças demográficas na China, de toda forma, reforçam a estratégia do país em buscar a liderança em indústrias de elevado valor agregado e alta tecnologia.

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Não à toa, os investimentos de capital de risco públicos e privados estão mais concentrados em soluções de inteligência artificial, produção de semicondutores e na nova indústria automotiva de motorização elétrica.

A busca pela tecnologia é a saída única para a China acessar cadeias de maior valor agregado e escapar do dilema "envelhecer antes de enriquecer".

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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