Felipe Zmoginski

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Opinião

PIBinho vem aí? China aposta que só inovação mantém seu forte crescimento

Os economistas chineses têm uma boa e uma má notícia para o mundo. A boa nova é que, apesar dos bloqueios e da guerra comercial travada com os Estados Unidos, o PIB nacional cresceu 5,2% em 2023. Para nós, brasileiros, cuja prosperidade da balança comercial depende de exportações para a China, a expansão chinesa é uma benção.

A má notícia é que todos os prognósticos indicam que o país asiático vai seguir desacelerando sua economia. Ou seja, vai crescer cada vez mais devagar. A menos que algo novo aconteça.

O algo novo, no caso, é literalmente uma novidade, uma inovação. Segundo relatório do escritório nacional de estatísticas, só será possível cumprir a promessa de manter o PIB em marcha de expansão 5% ou 6% ao ano se as empresas locais introduzirem novos produtos e soluções de tecnologia.

A grande aposta dos burocratas chineses está nas tecnologias verdes, como formas renováveis de gerar energia e, claro, nos carros elétricos, uma invejável realidade na China.

O raciocínio por trás desta "aposta" não é muito complexo. Com o agravamento do aquecimento global e com as constantes crises geopolíticas em torno do acesso a fontes de petróleo, cada vez mais mercados vão optar por energias alternativas. E é neste ponto que a China, atualmente a maior poluidora do mundo, espera apoiar sua nova onda de crescimento: fornecendo painéis solares mais eficientes, carros movidos a baterias recarregáveis ou turbinas para usinas eólicas de hidrelétricas de nova geração.

Na China, é consenso há tempos que a exportação de calçados, tecidos e bugigangas de plástico não sustentará novos saltos do PIB. Daí, a saída óbvia pelos investimentos em pesquisa e desenvolvimento.

Segundo estudo do FMI, se tiver sucesso em sua jornada, a China terá o maior PIB nominal do mundo em 2033. Atualmente, o país segue (bem) atrás dos Estados Unidos. Enquanto os asiáticos anotam US$ 17,7 trilhões em seu PIB, os americanos já estão em US$ 27,3 trilhões. É uma desvantagem significativa, mas que diminui, trimestre após trimestre.

Em mais um ano, o país terá completado o plano "Made in China 2025" que previa, até esta data, concentrar dois terços de sua exportação em itens de alto valor agregado e não mais em itens como aqueles reloginhos de R$ 10 que compramos na 25 de Março, famosa rua de comércio popular em São Paulo.

A meta chinesa é ambiciosa e projeta para si a responsabilidade de ser "líder mundial" em soluções de inteligência artificial até 2030. Missão dificílima, já que as big techs chinesas vêm tomando um calor de suas rivais americanas nos últimos anos.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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