Felipe Zmoginski

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Reportagem

Empresa chinesa demite CEO e põe no lugar IA inspirada em Jeff Bezos e Musk

Quem acreditava que líderes executivos fariam demissões em massa, substituindo seus colaboradores por aplicações de inteligência artificial (IA), teve uma surpresa. Na verdade, são justamente as posições de liderança nas empresas que estão desaparecendo para dar lugar a um robô de IA.

A desenvolvedora de games NetDragon, com sede em Fuzhou, no sul da China, comunicou que decidiu demitir seu principal executivo, o CEO da empresa. No mesmo anúncio, o fundador da companhia, Dejian Liu, anunciou que estava indicando um algoritmo de IA, apelidado com o nome feminino de Tang Yu como nova liderança.

A decisão mantém os cargos dos 14 diretores da companhia que, a partir deste anúncio, passam a se reportar para o chatbot Tang Yu.

A ideia por trás desta decisão é eliminar o viés humano e as preferências pessoais das decisões corporativas. Tang Yu irá aconselhar seus subordinados exclusivamente baseada em dados, seja o executivo sob seu comando um simpático puxa-saco ou um profissional ranzinza.

Ao longo dos últimos meses, Tang Yu passou por um "treinamento intenso" ao ler sobre os métodos de gestão de grandes líderes chineses e ocidentais, estes últimos pessoas como Tim Cook (Apple), Jeff Bezos (Amazon) e Elon Musk (Tesla, X). A ferramenta de IA observou o estilo de gestão e as práticas destes líderes que geram melhores resultados para suas empresas.

Tang Yu, inteligência artificial que é CEO de empresa na China
Tang Yu, inteligência artificial que é CEO de empresa na China Imagem: Reprodução

O anúncio teve repercussão positiva e as ações da NetDragon negociadas na bolsa de Hong Kong tiveram alta de 10% nos últimos quatro dias. O resultado deste movimento é que a NetDragon ultrapassou o valor de mercado de US$ 1 bilhão.

"Acreditamos que a IA é o futuro da gestão corporativa e a nomeação da sra. Yu mostra nosso compromisso em abraçar verdadeiramente o uso da inteligência artificial para transformar a forma como operamos os nossos negócios e, em última análise, impulsionar nosso crescimento estratégico", afirmou o fundador da empresa, Dejian Liu, em breve comunicado ao mercado.

A decisão da NetDragon soa ousada, mas não é a única.

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Na China, centenas de empresas comunicaram nos últimos meses a substituição de comitês corporativos e cargos de lideranças por algoritmos de IA. A lógica baseia-se na aposta de que nenhuma decisão humana é melhor que aquela tomada por um software que analisa números friamente.

A experiência da NetDragon pode ser um interessante estudo de caso. Qual a maturidade tecnológica da IA para assumir funções tão relevantes na economia? Como um software pode projetar o futuro só avaliando o desempenho passado, perceber mudanças de rumo no mercado e ter a visão de líderes empreendedores? Estas perguntas, ao menos por enquanto, permanecem sem respostas.

Reportagem

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