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Guilherme Rambo

Privacidade e saúde são desafios para Apple criar seus óculos inteligentes

Sean Patrick/ Pexels
Imagem: Sean Patrick/ Pexels

15/01/2021 04h00

A temporada de rumores Apple 2021 está esquentando. Desta vez, a DigiTimes divulgou uma matéria afirmando que os "Apple Glasses" estariam entrando na "segunda fase de desenvolvimento", com foco em redução do peso e durabilidade da bateria. Os rumores sobre um "óculos inteligentes" da empresa não são novidade alguma, mas segundo relatos mais recentes, é possível que vejamos algum anúncio a respeito desse produto ainda em 2021.

É bem provável que quando falamos dos "Apple Glasses", estejamos falando na verdade de dois produtos distintos. Segundo Mark Gurman, da Bloomberg, um deles seria um headset de realidade aumentada, enquanto o outro seria mais parecido com óculos normais, para usar no dia a dia.

Especula-se então que talvez a Apple divulgue seu headset de realidade aumentada durante a conferência para desenvolvedores em junho deste ano, para que eles possam ter acesso à tecnologia e começar a desenvolver soluções para o produto. Estas soluções estariam prontas para funcionar futuramente, quando a empresa finalmente lançar os óculos inteligentes.

Também é possível que a Apple faça um anúncio prévio dos óculos, visto que um produto completamente novo como este precisa passar por diversas etapas regulamentares em diversos países, o que inevitavelmente acabaria vazando informações sobre o produto ainda não anunciado. Vale lembrar que a Apple anunciou tanto o iPhone original quando o primeiro Apple Watch com bastante antecedência, justamente por esse motivo.

Um produto como esse representa inúmeros desafios, desde técnicos até culturais. Tecnicamente, algo que fica na frente dos seus olhos o tempo inteiro precisa ter um nível de confiabilidade alto, muito mais do que um smartphone que você tira do bolso de tempos em tempos, faz alguma atividade e depois guarda novamente.

Mas o maior desafio que a Apple deverá enfrentar será convencer o público a usar os tais óculos no seu dia a dia e fazer isso de uma forma saudável.

Se olharmos para o passado, em 2013 o Google introduziu seu projeto do "Google Glass", que chegou a ser lançado para o público.

Na época, o produto enfrentou sérios problemas de aceitação: as pessoas não ficaram confortáveis com a ideia de que alguém usando os óculos poderia estar gravando ou fotografando o que está acontecendo (imagine se deparar com alguém no banheiro público vestindo uma câmera no rosto, por exemplo).

Nesse aspecto, acredito que a Apple seja a empresa de tecnologia mais capacitada para criar um produto que o público em geral queira usar. A empresa tem se mostrado cada vez mais engajada com os temas de saúde e privacidade.

Além disso, a Apple foi a empresa que fez todo mundo começar a usar fones sem fio, por mais ridículos que eles pudessem parecer à primeira vista. Os AirPods foram ridicularizados logo no início, mas hoje em dia já são vistos como algo normal —e muitas outras marcas fizeram produtos parecidos.

O desafio nesse quesito é desenvolver um produto com recursos desejáveis, mas ao mesmo tempo respeitando a saúde e privacidade do usuário e das pessoas ao seu redor.

Um exemplo de recurso que não imagino em óculos inteligentes da Apple seria a possibilidade de gravar vídeos e tirar fotografias. O produto teria câmeras, mas apenas para conseguir "ler" o mundo ao seu redor e posicionar informações na realidade aumentada.

Apesar de todos esses problemas a serem resolvidos, a ideia de ter óculos de realidade aumentada que não sejam algo inconveniente de usar me deixa bastante animado.

As tecnologias de realidade aumentada estão cada vez melhores, mas até hoje nunca vi um uso delas em smartphones ou tablets que me parecesse útil, afinal apontar o celular para alguma coisa e ficar segurando ele na minha frente não é exatamente muito confortável. A experiência de ter acesso a informações e recursos apenas olhando para as coisas no mundo real é bem mais interessante.