Google dobra a aposta na IA e muda de vez o serviço mais usado da internet
A era da inteligência artificial generativa, aquela que produz conteúdo como se fosse gente, começa a virar realidade para o serviço mais usado na internet: o motor de buscas do Google. Depois de iniciar os testes dessa nova habilidade no Brasil em novembro do ano passado, a empresa anunciou que ele será parte do sistema. A novidade foi divulgada nesta terça-feira (14) durante o Google I/O, conferência em que a Big Tech mostra mudanças em seus produtos.
Começará a partir dos Estados Unidos, seu mercado mais rentável e que abriga centenas de milhões de usuários. Até o fim do ano, a companhia espera expandir para outros países e atingir cerca de 1 bilhão de pessoas. A mudança tem o potencial de mudar a forma como lidamos com o mundo online hoje em dia, já que o motor de busca do Google é a página mais visitada da internet.
Na prática, a IA generativa passará a dar respostas com base em informações tiradas de páginas online. Com isso, os links exibidos tradicionalmente no resultado da busca tendem a perder relevância, ainda que o Google diga que eles serão mostrados para quem quiser aprofundar o assunto ou que os cliques aumentam nas respostas geradas pela IA. Outro detalhe importante é que a busca será o ponto de partida para que um robô assuma e passe a informar o usuário por meio de uma conversa.
Vemos que os links incluídos no AI Overviews alcançam mais cliques do que se a página tivesse aparecido na listagem da web tradicional para aquela consulta. À medida que expandimos essa experiência, continuaremos a nos concentrar no envio de tráfego valioso para editores e criadores
Liz Reid, VP de busca do Google
Os chamados AI Overviews fazem parte da Experiência de Pesquisa Generativa (SGE, na sigla em inglês), lançada no Brasil no ano passado.
Quando o SGE foi implantado, o Google tratou a novidade como um salto evolutivo da busca online.
Agora, além de expandir a ferramenta para mais gente, a Big Tech está criando novas habilidades para ela. Todas serão oferecidas via Search Labs, uma iniciativa para criar e testar novas experiências para a ferramenta de busca.
Simplificação x detalhamento
Assim que uma pesquisa for respondida, será possível pedir para que seu resultado tenha a linguagem simplificada ou que o assunto seja detalhado.
Especificação
Outra habilidade que o motor de busca ganha graças à IA é o poder de entender —e responder— perguntas para lá de complexas e específicas.
Isso quer dizer que será possível fazer questionamentos com um nível absurdo de exigência por especificação.
O exemplo dado é o seguinte: "ache os melhores estúdios de pilates ou ioga em Boston e mostre detalhes de suas ofertas iniciais e do tempo de caminhada a partir de Beacon Hill". A resposta dada inclui uma lista dos estabelecimentos e indicação no Google Maps de onde eles ficam.
Planejamento
Outro novo atributo é poder traçar planos de dietas ou de viagem a partir da busca. A partir de informações extraídas de páginas públicas da internet, o Google passará a fornecer respostas para perguntas como "crie um plano de alimentação de três dias que seja fácil de preparar". Ela não virá em forma de link, mas em um card de texto detalhado.
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Quero receberAinda para este ano, a empresa promete que seu motor de busca turbinado pela IA será capaz também de preparar planos para festas, encontros e rotinas de exercícios.
Buscas com vídeo
Já é possível fazer buscas a partir de fotos com o Google Lens e até de detalhes específicos em imagens, como faz os aparelhos da linha Galaxy S24, da Samsung.
Agora, a IA vai permitir usar vídeos para fazer pesquisas online. Funciona assim: você vai filmar algo, e a busca entenderá como o que está acontecendo na cena corresponde ao problema apresentado. A partir daí, ela vai buscar na internet respostas para solucionar a questão. Na proposta mais ousada do Google, o objetivo é que você não precise mais usar palavras.
O exemplo dado durante a conferência é de uma vitrola com a agulha funcionando incorretamente. O Google capta a cena, ouve a pergunta da usuária e rapidamente entende que a busca a ser feita é sobre como consertar o eletrônico.
De onde sai a informação usada pela IA do Google?
Como toda inteligência artificial generativa, o SGE pode até concatenar as palavras para gerar conteúdo, mas ele não é o responsável por apurar, checar e ponderar as informações de suas respostas.
Segundo o Google, elas serão retiradas de fontes públicas encontradas na internet. Ou seja, tudo o que pode ser "lido" e indexado pelos mecanismos de buscas poderá figurar nas respostas do robô. Segundo Bruno Pôssas, vice-presidente global de engenharia do Google, essa curadoria terá uma segunda camada, feita por profissionais humanos.
Ao longo da conversa, o SGE exibirá os links relacionados ao tema. Para o Google, essa é uma forma de "apoiar o ecossistema e direcionar tráfego para uma ampla gama de produtores".
A conexão entre o conteúdo criado e exibido pelo SGE e as páginas indicadas para dar maior contexto, porém, não é direta
*o jornalista viajou a convite do Google
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