Celular já é proibido por quase 30% das escolas do Brasil, mostra pesquisa
As escolas brasileiras já começam a se mobilizar para conter o avanço dos smartphone nas salas de aula. Quase três a cada dez (28%) já proíbem que os alunos usem o celular em suas dependências.
É o que mostra a pesquisa TIC Educação, divulgada pelo CGI.br (Comitê Gestor da Internet no Brasil) nesta terça-feira (6). Os números não consideram o Ensino Infantil.
A discussão a respeito da pressão exercida por esses aparelhos eletrônicos e seus estímulos sobre a saúde mental e no aprendizado de crianças e adolescentes é feita no mundo todo.
A Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo) já discute um projeto de lei para varrer celulares e outras telas de escolas públicas e privadas do estado. Se for aprovada, a medida vai de encontro às ações do secretário de educação estadual, Renato Feder, que incentiva o uso intensivo de plataformas conectadas.
Na cidade do Rio de Janeiro, é proibido usar celulares em escolas públicas desde março.
No livro "The Anxious Generation", que virou um Best Seller e tem influenciado os debates sobre o tema, o psicólogo Jonathan Haid afirma que o celular interfere mais de 10 formas diferentes no desenvolvimento social e neurológico. Haidt sugere quatro ações para mitigar os danos para as crianças:
- Proibir smartphones antes dos 14 anos
- Vetar redes sociais antes dos 16 anos
- Barrar smartphones nas escolas
- Estimular a autonomia e o livre brincar na infância
Impedir que os estudantes usem o celular é mais comum em escolas do anos iniciais do Ensino Fundamental —43% delas fazem isso— e vai ficando mais raro nas do Ensino Médio —8% recorrem à prática. No entanto, vetar o aparelho de vez não é a única forma de controle encontrada pelos educadores.
Em 64% das escolas, o uso do celular só é liberado em espaços determinados ou horários pré-definidos.
Outra forma encontrada pelas instituições de ensino para coibir as atividades digitais é controlar o acesso aos computadores ou o tempo disponível para usar a internet.
Por um lado, as escolas estaduais são mais rigorosas, seguidas das particulares, enquanto as municipais são mais permissivas:
- restringem o número de horas para usar o computador ou a internet: 38% (estaduais); 53% (particulares); 38% (municipais)
- agendam horários para professores usarem computadores: 53% (estaduais); 35% (particulares); 30% (municipais)
- exigem presença de monitores ou professores de informática durante uso dos alunos: 64% (estaduais); 59% (particulares); 39% (municipais)
- agendam horários para alunos usarem computadores: 67% (estaduais); 52% (particulares); 40% (municipais)
Já as escolas estaduais são as que mais impõem medidas para barrar plataformas ou aplicações:
- Bloqueio de acesso a redes sociais: 47% (estaduais); 46% (particulares); 32% (municipais)
- Filtro dos aplicativos que os alunos podem baixar: 57% (estaduais); 55% (particulares); 38% (municipais)
- Restrição de acesso a jogos eletrônicos: 59% (estaduais); 59% (particulares); 41% (municipais)
- Uso de software que bloqueia spam, lixo eletrônico ou vírus: 61% (estaduais); 58% (particulares); 38% (municipais)
- Uso de senha para acesso de alunos: 69% (estaduais); 53% (particulares); 39% (municipais)
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Quero receberChama a atenção apenas 70% das escolas estaduais bloquearem o acesso a sites com conteúdo adulto, como pornografia e violência. Esse número é ainda menor entre as particulares (67%) e as municipais (46%).
Elaborada pelo Cetic.br (Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação ) do NIC.br (Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR), a pesquis amostra ainda que 92% das escolas brasileiras possuem internet.
Para chegar a esse patamar, a conexão avançou escolas da área rural (52% tinham internet em 2020 e passaram a 81% em 2023) e as municipais (de 71% para 89%).
Outro destaque da pesquisa é uma guinada rumo à vigilância na sala de aula. Mais da metade (51%) das escolas do Brasil adotam sistema interno de monitoramento com câmeras e identificação biométrica — o movimento é puxado por escolas do Sudeste e Sul, de capitais e particulares.
Há a presença de reconhecimento facial em 4% das escolas. Chega a 12% na região Sul, a 6% em capitais e a 6% em estaduais.
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