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Opinião

Com 'morte' do X no Brasil, para onde vão usuários do ex-Twitter?

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Quem acessa a internet há tempo suficiente para lembrar como um vídeo da modelo Daniela Cicarelli quase tirou o YouTube do ar no Brasil já está acostumado com o roteiro: plataforma descumpre ordem judicial, Justiça insiste, plataforma dobra a aposta, Justiça manda tirar tudo do ar, plataforma volta atrás.

Ou não. No caso do X (ex-Twitter), Elon Musk deixou claro que vai até o fim na conveniente queda de braço com Alexandre de Moraes. Pega bem: cola no ministro do STF a imagem de censor, enquanto veste a túnica de paladino da liberdade de expressão.

No entanto, o bloqueio do X no Brasil devido ao embate entre Musk e Moraes criará uma insólita situação para a plataforma, a de morte em vida. Morta aqui. Vivinha da Silva no resto do mundo. E isso afetará os ainda usuários do ex-Twitter de ao menos três formas diferentes.

O que rolou?

Se você não prestou atenção apenas ao que circula no X, deve saber que:

Por que é importante

Com a suspensão da rede social, os usuários no Brasil (estimados entre 20 e 25 milhões) serão afetados de três forma, avalia Francisco Cruz, diretor do InternetLab.

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1) Migração dos casuais

As pessoas que estão lá casualmente, seja para comentar jogos de futebol ou reality shows, terão de encontrar outra esquina para papear.

A gente sabe que as pessoas não querem ter trabalho na internet. Se ficar difícil, elas vão para outro lugar
Francisco Cruz, diretor do InternetLab

É possível que encontrem guarida no Threads, da Meta, já que as contas estão associadas ao Instagram, que tem grande penetração no Brasil. É bom saberem que a ferramenta replica o formato de microblog do Twitter, mas deixa de fora os trending topics, foca em postagens recomendadas, esconde a de amigos e ignora notícias.

2) VPN para os fiéis

Vai disparar o acesso remoto via VPN ao X, que ainda estará disponível em outros países. Mas isso deve ocorrer entre os usuários para lá de fiéis. Como a plataforma vem se tornando um reduto de discursos extremistas, é possível que vire de vez uma plataforma de nicho.

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Quem usa para coisas que não são politicamente carregadas vai em busca de um lugar mais fácil de acessar
Francisco Cruz

3) Menos diversa

Como o custo para acessar será maior, apenas gente muito engajada deve continuar por lá. Isso deve diminuir o número de usuários brasileiros e tornar a conversa mais uniforme.

Não é bem assim, mas está quase lá

Muita gente construiu seu ganha-pão no Twitter e teve de permanecer no X por sobrevivência. Não só usuários comuns mas também essas pessoas serão duramente impactadas pelos desdobramentos do embate entre Musk e Moraes.

Entre analistas e advogados que acompanham as Big Tech, a avaliação é que a série de eventos que deve culminar no bloqueio é resultado de uma canalização da atenção das pessoas para poucas plataformas, que, por sua vez, são dirigidas por um número ainda menor de poderosos. Tanto é que ouvi a seguinte avaliação de uma pessoa está acostumada a contribuir com regras que envolvem tecnologia, da campanha eleitoral à inteligência artificial, mas que não quis se identificar:

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A gente está tão na mão de poucas plataformas a ponto de uma pessoa só trucar a suprema corte de um país, que não é qualquer um, porque o brasil é mercado relevante para todas elas

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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