Sem cabine e dirige sozinho: caminhão brasileiro diferentão chega em 2027
(Esta é a versão online da newsletter de Tilt enviada hoje. Quer receber a newsletter completa, apenas para inscritos, na semana que vem? Clique aqui e se cadastre)
Se a intenção não é transportar pessoas, por que os veículos autônomos, aqueles que dirigem sozinhos, ainda vêm de fábrica com lugar para acomodar motoristas e caronas?
Como não precisa, a Lume Robotics, fabricante de máquinas autônomas do Espírito Santo, está criando um caminhão nesses moldes. Autônomo e elétrico, ele não terá cabine. A startup recebeu investimento para concluir o protótipo, já tem parceria com uma multinacional interessada em usar o veículo e planeja construir uma fábrica em solo capixaba.
Se der certo, será a primeira indústria de veículos-robôs do Brasil —e, de quebra, do Hemisfério Sul. A Lume Robotics é símbolo de como Vitória (ES) virou o polo brasileiro dos veículos que dirigem sozinhos e colocou o país nessa corrida bilionária.
O que rolou?
Contei nesta semana como o desejo por estudar o cérebro levou professores da UFES (Universidade Federal do Espírito Santo) a criar um laboratório especializado em máquinas autônomas. De lá, saiu a Lume, que:
- Desenvolve e fabrica veículos que dirigem sozinhos, como ônibus, caminhões e empilhadeiras para empresas como Vale e Ypê. Só que...
- ... Esses veículos são proibidos de trafegar nas ruas de forma autônoma, mas não há impedimentos legais em ambientes privados. Por isso...
- ... A empresa vai aprofundar o conceito de veículo-robô e começar a trabalhar no caminhão sem cabine para atuar exclusivamente em portos. Será...
- ... Um caminhão com 300 cv, velocidade máxima de 40 km/h, capaz de carregar 64 toneladas e peso bruto total de 80 toneladas. No jargão do setor...
- ... É um veículo de propósito específico. A Lume recebeu R$ 3 milhões da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), ligada ao MCTI, concluir o protótipo. Inicialmente...
- ... Será usado pela Suzano. A fábrica de celulose fechou parceria para testar o veículo em sua operação portuária. Ele levará sozinho os fardos de celulose do armazém até o navio. Mas...
- ... O plano da Lume é que este caminhão saia em 2027 de uma nova fábrica a ser construída no Espírito Santo. Empregará 200 pessoas e envolverá investimento de R$ 20 milhões de capital próprio. Já há negociações com três cidades capixabas por uma área de 15 mil metros, que comportará escritórios e galpão. A ideia...
- ... É fabricar lá uma centena de unidades por ano para atender clientes brasileiros e, quem sabe, exportar para empresas internacionais.
Por que é importante
É um desafio tecnológico complexo porque envolve a integração de diversas tecnologias não consolidadas
Ranik Guidolini, CEO e cofundador da Lume
Vamos por partes para entender o problema:
- A ausência de cabine dificulta a operação durantes testes. Ainda que seja um veículo autônomo, as etapas preliminares contam com um operador para assumir o volante na hora do aperto. Solucionar a ausência de um humano exigirá algum controle remoto via 5G, rede que oferece altas velocidades e baixa latência;
- O lado elétrico requer solucionar questões ligadas ao motor e à autonomia da bateria;
- O poder de dirigir sozinho do caminhão é feito por sensores. A Lume domina os sistemas que garantem essa autonomia, mas a empresa terá de pensar em um jeito de interligar tudo isso à parte elétrica e à que garante conectividade.
Não é bem assim, mas tá quase lá
Além dos desafios técnicos, a Lume tem à sua frente um histórico bem desafiador para empresas que se aventuraram a criar veículos sem cabine.
Protótipos de caminhões elétricos, autônomos e sem cabine são desenvolvidos na Europa e na China, mas ainda não entraram em plena operação. A Volvo até chegou a apresentar um, mas descontinuou o modelo quando puxou a tomada de sua operação de veículos autônomos. O outro exemplo europeu é o da sueca Einride, que recentemente passaram a ser usados pela GE. Ainda assim, a empresa não dispensa aqueles que, ainda autônomos, possuem espaço para motorista.
Na China, o caminhão da Westwell tem parceria importante com uma empresa de sensores, mas acabou de passar em um teste de durabilidade há pouco mais de um mês.
Newsletter
Um boletim com as novidades e lançamentos da semana e um papo sobre novas tecnologias. Toda sexta.
Quero receberO nosso, eu espero, será o primeiro a entrar em operação
Ranik Guidolini
Deixe seu comentário