Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Empatia é o lado humano que vai estar cada vez mais presente na tecnologia
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Tenho trabalhado há mais de 20 anos no terceiro setor, liderando e empreendendo diferentes organizações, como o BrazilLAB e tantas outras. Nessa trajetória, não há dúvidas de que um dos maiores desafios com que sempre me deparo diz respeito à formação de times inovadores e engajados.
Ter certeza de que a organização tem as pessoas certas nos lugares certos, garantindo diversidade e a execução das atividades no presente, mas também um olhar atento às oportunidades de alcançar a distinção e tendências do futuro, é uma arte que exige técnica mas, principalmente, empatia.
Empatia significa a capacidade de nos colocarmos no lugar de outro indivíduo, entendendo suas emoções, demandas, ideias e ações. Trata-se, portanto, de um atributo humano, mas que vem sendo cada vez mais incorporado no universo da tecnologia.
Há muitos anos, organizações voltadas à produção de soluções tecnológicas defendem a importância de ter o usuário como ponto focal para a construção de qualquer produto.
Elas já entenderam um princípio básico que pode ser incorporado em qualquer situação: se desejamos resolver problemas complexos e gerar impactos positivos, é necessário dialogar diretamente com aqueles e aquelas diretamente atingidos por essas situações.
A empatia é um pré-requisito para as equipes que atuam na área de UX (user experience), ou experiência do usuário. O principal objetivo dessas equipes é entender os usuários para ofertar um produto ou serviço que tenha qualidade, seja agradável e atenda às expectativas.
Mas esse atributo deve estar presente em todas as cadeias responsáveis pela produção de tecnologia. Somente com uma visão plural, que entende as mais distintas realidades, determinantes e expectativas é possível reduzir os vieses tão marcantes na construção de tecnologias.
As empresas já estão atentas a esse desafio: recentemente, o Facebook criou uma ferramenta chamada Fairness Now, que tem o objetivo de detectar determinados padrões estatísticos que podem indicar a existência de vieses, contribuindo para aprimorar os modelos utilizadas pela inteligência artificial e pelo aprendizado da máquina (machine learning),
E a empatia pode também ser aprendida ou incorporada de maneira intencional pelos seres humanos. Dessa forma, ela deixa de ser um valor abstrato, passando a ser uma prática consciente e estratégica na construção de tecnologias.
Metodologias como design thinking e human-centered design, práticas como feedback e o desenvolvimento de habilidades como a escuta ativa e observação são alguns exemplos de como a empatia pode ser desenvolvida de maneira ativa.
Mas além disso, é fundamental garantir diversidade das equipes: somente com pessoas de diferentes origens, visões de mundo, propostas e experiências será possível, de fato, desenvolver soluções tecnológicas baseadas na empatia.
Equipes empáticas
Mais recentemente a importância da empatia foi reforçada também nas práticas de recursos humanos e isso é ainda mais essencial quando estamos falando de estabelecer times inovadores e disruptivos.
A empatia nos torna mais inovadores, é o que afirma o recente artigo publicado por Andrea Iorio, na revista MIT Technology Review.
Andrea é um empreendedor responsável por criar o aplicativo Ajuda Já, que busca prevenir suicídios. O desenvolvimento da tecnologia teria sido impossível caso o empreendedor não se propusesse a, de fato, entender as motivações de uma pessoa que está cogitando tirar a própria vida.
O valor da empatia também impacta diretamente os negócios, como mostra o Global Empathy Index, ou "Índice Global de Empatia": as empresas que ocupam as dez primeiras posições geraram 50% mais ganhos econômicos do que as últimas colocadas no ranking.
Muito embora as empresas tech sejam referências quando falamos sobre empatia - 5 das 10 primeiras avaliadas pelo Empathy Business em 2016 são empresas de tecnologia —precisamos desenvolver o compromisso de criarmos times empáticos em todas as organizações.
Para isso, é fundamental fortalecer as competências socioemocionais das pessoas, garantindo que os jovens, que serão a força do trabalho do futuro, estejam cada vez mais conscientes da importância dessas habilidades para o mundo do trabalho.
Com isso, acredito que seremos capazes de construir um futuro cada vez mais baseado na construção coletiva e menos na figura de um único indivíduo que traduz a responsabilidade da liderança.
Assim, poderemos, finalmente, escapar do destino sempre trágico e cruel de endeusarmos líderes falíveis e acreditarmos que toda a responsabilidade —e os louros— do sucesso recai sobre uma só pessoa.
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