Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Soluções tech vão ajudar a tirar o atraso na educação causado pela pandemia
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As últimas semanas foram bastante agitadas em minha casa, como sempre acontece na volta às aulas. Compra de material escolar, uniforme, a animação em rever os colegas, o início de novos ciclos.
Mas diferente de outros anos, a pandemia impôs dinâmicas muito particulares e que exigem dos pequenos uma resiliência quase nunca presente nesta idade, como o uso constante de máscaras, distanciamento e, quando necessário, a realização de testes.
Mesmo diante de tantas exigências, não há como negar: voltar à escola tem sido maravilhoso e extremamente necessário.
Os dados gerais reforçam a importância da reabertura das escolas. Na América Latina, o Brasil foi o país que mais tempo permaneceu sem aulas presenciais; foram 53 semanas, aproximadamente 13 meses, em comparação a 42 semanas, ou 10 meses, nos demais países da região.
O cenário é assustador: em 2020, mais de 5 milhões de crianças e adolescentes ficaram sem qualquer tipo de aula —incluindo o ensino remoto.
Para além de representar um sério ataque ao direito à educação, o longo período de inconstância terá impactos econômicos e futuros: estima-se que a perda de aprendizagem custe a esta geração de estudantes quase US$ 17 trilhões ao longo de suas vidas.
Vivemos uma crise que aprofundará ainda mais a desigualdade educacional tão presente em nosso país.
E essa desigualdade começa muito cedo. Um recente estudo do Todos pela Educação aponta que, entre 2019 e 2021, houve um aumento de 66,3% no número de crianças não alfabetizadas, segundo a percepção dos responsáveis por seus cuidados.
Os resultados são ainda mais graves quando observamos os grupos de crianças negras e em vulnerabilidade socioeconômica.
A pesquisa foi realizada com dados da Pnad Contínua (IBGE) e aponta os impactos já observáveis entre as crianças de 6 a 7 anos.
Paralisia não é a solução
Nos últimos anos, o Brasil alcançou avanços fundamentais na universalização do acesso ao ensino fundamental, e agora vemos retrocessos tão perigosos e alarmantes. Para quem, assim como eu, tem filhos nessa idade, o cenário é absolutamente desolador.
Mas não podemos deixar que o medo seja paralisante. A educação é um direito e precisamos garantir que todos tenham acesso a ele.
É nossa responsabilidade garantir que as crianças possam ter acesso à aprendizagem, etapa tão fundamental para tudo o que vem depois nos anos do ciclo educacional.
Por sorte, os especialistas já apontam caminhos possíveis para reverter o quadro.
Ampliar o ensino integral, criar estratégias para recuperação da aprendizagem, além de garantir os investimentos em recursos educacionais são algumas das possíveis políticas públicas a serem implementadas com urgência nos próximos meses e anos.
E será imprescindível também contar com a tecnologia, especialmente com soluções disruptivas que possam trazer velocidade e escala, tão necessárias nesse momento.
O ecossistema de startups está repleto de boas alternativas para a educação, como demonstram as dezenas de govtechs integrantes da rede do BrazilLAB.
Alguns exemplos são:
- A Jovem Gênios, que desenvolveu uma inteligência artificial capaz de individualizar e gamificar o aprendizado de estudantes do ensino fundamental;
- A Árvore Educação, que tem contribuído para ampliar o acesso à leitura a mais de 6.700 escolas e 1.8 milhões de alunos;
- E a Agenda Edu, uma plataforma de comunicação que contribui para integrar escola, aluno e família.
O ano de 2022 será marcado pelas eleições. Costumo dizer que é também uma janela de oportunidade para que nós, como sociedade, possamos refletir com honestidade sobre os desafios que precisamos enfrentar.
Em uma nação como o Brasil, eles são numerosos mas, em uma escala de prioridades, não tenho dúvidas de que a garantia do direito à educação deve ser o nosso principal compromisso social para os próximos anos.
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