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Elite econômica do mundo já discute mudança climática, agora é hora de agir
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Um dos destaques do Fórum Econômico Mundial, que aconteceu em janeiro em Davos, na Suíça, foi a apresentação dos resultados da pesquisa anual de riscos, a Global Risk Report 2023, publicada na semana anterior ao evento. O estudo, baseado nas respostas de 1.200 especialistas acadêmicos, apontou que mais de 80% dos entrevistados esperavam "crises persistentes" ou "choques múltiplos" nos próximos dois anos.
Especialistas globais identificaram a "crise do custo de vida" como o risco de curto prazo mais grave, uma vez que os altos preços de alimentos afetam ainda mais as famílias vulneráveis, aumentando a extrema pobreza, e elevando também as chances de protestos civis.
Desastres naturais e eventos climáticos extremos são vistos como o próximo maior risco, seguido por guerras econômicas, fracasso em mitigar as mudanças climáticas e a polarização da sociedade.
Como não podia ser diferente, a temática ambiental dominou a pauta do Fórum Econômico Mundial.
As preocupações ambientais dominam um horizonte temporal de 10 anos.
São cinco os principais riscos de longo prazo nesta agenda:
- Falha em mitigar as mudanças climáticas
- Falha em se adaptar às mudanças climáticas
- Desastres naturais e eventos climáticos extremos
- Perda de biodiversidade e colapso do ecossistema
- Crises massivas de refugiados
Isso reflete a mensagem das Nações Unidas em sua recente cúpula climática, que alertou para o fato de que as nações ainda estão longe de limitar o aquecimento global abaixo do limite crucial de 1,5 grau Celsius.
O Fórum de Davos, considerado um dos principais eventos do calendário global, teve como tema "Cooperação em um Mundo Fragmentado" e reuniu mais de 2.500 lideranças políticas, especialistas econômicos, grandes nomes do mundo corporativo e da sociedade civil que discutiram sobre as principais questões econômicas globais e sobre como promover soluções voltadas ao futuro e para o enfrentamento de desafios urgentes em cooperação público-privada.
Durante o evento foi lançada uma nova coalizão de Ministros do Comércio sobre o Clima, que reuniu mais de 50 países para impulsionar a cooperação internacional sobre o clima, comércio e desenvolvimento sustentável.
A participação brasileira
Em Davos, os olhos do mundo estiveram voltados ao Brasil, para além da sua importância em temas como as pautas ambientais. O país também esteve em destaque devido aos atos criminosos ocorridos em 8 de janeiro que resultaram na depredação das sedes dos Três Poderes da República.
O ministro da Economia e a ministra do Meio Ambiente tiveram como missão, além de representar as pautas e os interesses do Brasil, transmitir também ao público internacional a mensagem de que a democracia brasileira resistiu aos ataques em Brasília e que o país vai aliar o crescimento econômico à pauta ambiental.
Além da dupla de ministros, entre os destaques das lideranças globais estiveram os governadores de São Paulo, Pará e Rio Grande do Sul. As lideranças reafirmaram o papel do Brasil nos compromissos com desmatamento zero, redução de emissões de gases estufa, com o multilateralismo e com a nova economia verde.
Na opinião de especialistas, o Brasil retomou o protagonismo que já teve em Davos, e passa a ser visto não mais como parte do problema, mas sim como solução.
Davos deu um voto de confiança ao que está acontecendo no país. O governo, a academia e a sociedade civil brasileira tiveram uma representativa atuação e, pela primeira vez, lideranças indígenas também tiveram espaço e foram ouvidas.
Houve também espaço para o reconhecimento de experiências brasileiras na agenda ambiental.
A iniciativa MapBiomas recebeu o Prêmio de Empreendedorismo Social, concedido pela Fundação Schwab, na categoria de Inovadores Sociais, como Inovação Social Coletiva. Ao todo, foram 16 iniciativas de todo o mundo que foram reconhecidas por seu impacto e inovação social.
O MapBiomas é uma iniciativa do SEEG/OC (Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa do Observatório do Clima), e garantiu o seu reconhecimento graças a sua atuação em conjunto com mais de 70 organizações no monitoramento e mapeamento do uso da terra, no Brasil e em outros 14 países.
Para Tasso Azevedo, coordenador do MapBiomas, a premiação foi ainda mais significativa pelo ineditismo da categoria: ela foi criada em 2023 para reconhecer ações coletivas em torno de desafios globais.
As mudanças climáticas, que já eram um tema presente, estão dominando cada vez mais as agendas de Davos, agora juntamente com a questão da biodiversidade.
Enxergar como o tema tem ocupado os espaços de discussão mais estratégicos me traz entusiasmo de que a questão esteja, de fato, recebendo toda a atenção merecida, mas, também expõe um novo desafio: avançar do mapeamento e priorização do problema para ações concretas que possam enfrentá-lo.
É tempo para ação imediata, contundente e eficaz.
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