Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Existe um metaverso grátis para qualquer um criar e que você já pode usar
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Esta coluna já visitou alguns dos principais metaversos da atualidade, de todos os maiores players do mercado. As diferentes tecnologias estão com diferentes graus de maturidade e, como já mencionamos em outro texto, um dos maiores desafios é criar pontes entre esses esses ambientes controlados por empresas distintas. Na coluna de hoje, queremos apresentar uma outra visão de metaverso, proposta pelos criadores do navegador Firefox.
A Fundação Mozilla, uma entidade sem fins lucrativos, tem como missão "promover a abertura, inovação e oportunidade na web" e o Mozilla Hubs é a aposta deles para o metaverso.
Ao contrário da maioria das outras tecnologias, o Mozilla Hubs não pretende competir com a internet como a conhecemos —pelo contrário, usando tecnologias livres, se propõe a ser uma extensão tridimensional e imersiva da web.
Isso significa que você não precisa baixar nenhum programa especial para acessar o metaverso da Mozilla.
Qualquer navegador recente, desde que compatível com os padrões abertos da realidade aumentada, pode acessar o ambiente virtual através de um link comum. Assim, você pode acessar as experiências elencadas no final deste texto do seu próprio computador, sem precisar de nenhuma parafernália extra.
Mas, claro, são sempre ambientes tridimensionais imersivos, pensados e construídos para serem utilizados com os mais diferentes dispositivos de realidade virtual.
Ao abrir o mesmo link com o Oculus Quest, da Meta, com o HTC da Vive ou mesmo com as dezenas de óculos chineses que permitem usar o seu smartphone, a experiência se transforma e você pode estar dentro das cenas.
Essa flexibilidade traz vantagens e desafios.
Por um lado, a barreira de entrada é muito menor e é possível hoje explorar esse ambiente a partir do celular ou notebook e encontrar lá dentro pessoas, usando um óculos de realidade virtual.
Por outro, a escolha de acomodar essas diferentes tecnologias traz algumas limitações e, muitas vezes, o mergulho no Mozilla Hubs pode parecer um pouco menos imersivo que experiências similares em sistemas proprietários.
As salas virtuais suportam até 50 pessoas e, como de costume, o primeiro passo é escolher o seu avatar.
O Hubs Cloud, solução na nuvem da Mozilla, que permite você criar seus próprios ambientes gratuitamente e compartilhar o link com amigos, colegas de trabalho ou familiares traz dezenas de avatares prontos, mas o formato aberto permite que você possa subir o seu próprio modelo 3D ou usar ferramentas como o Ready Player Me para criar uma versão virtual sua, a partir de uma foto, por exemplo.
Depois disso, você entra de fato no ambiente virtual e consegue se mover —caso esteja no computador— usando as setinhas do teclado e o mouse, lembrando os jogos de tiro em primeira pessoa.
Uma novidade: no último ano, a Mozilla implementou um avatar-câmara que permite você usar seu próprio rosto dentro de uma figura digital simpática de um astronauta ou, talvez, webnauta.
O áudio nos ambientes é espacializado, o que significa que o volume das vozes muda conforme você se aproxima ou se afasta da pessoa.
Parece pouco, mas é impressionante como essa mudança sutil torna as reuniões e encontros muito menos cansativos que a mesma coisa num Zoom ou outra ferramenta de videoconferência, onde todas as carinhas estão à mesma distância e em que temos a impressão de que todos estão gritando a partir do mesmo lugar.
Desde 2020, a Mozilla criou uma versão paga para empresas, hospedada na nuvem. Baseada no Amazon Web Services (AWS), possibilita usar um servidor de streaming de conteúdo dedicado, para maior segurança.
No Mozilla Hubs, é possível escolher entre vários cenários previamente definidos —de templos gregos a fazendas, sem falar de salões para conferências, escritórios, etc.
É muito simples montar um espaço virtual do jeito, a partir desses modelos ou de algo mais especial, e os criadores podem "importar" de avatares a objetos digitais tridimensionais, além de câmaras, vídeos, etc.
Com isso, as possibilidades de uso se ampliam: é possível fazer o lançamento de um livro, uma exposição, um debate, uma palestra, um papo entre amigos —parte usando algum desses óculos de VR, parte apoiados apenas em um computador, sem problemas. Um simples clique no botão Share no alto da tela e pronto, seu convite é enviado.
Tem gente experimentando essas possibilidades em todo lugar. A comunidade interessada em desenvolver projetos e conhecer melhor a plataforma tem 16 mil membros mundo afora.
Na Alemanha, o Teatro Schubert anuncia para dia 2 de fevereiro a estreia da peça "MAY.be.2.0", uma performance de marionetes para adultos que só vai existir no espaço virtual.
As áreas de palco foram desenvolvidas com a plataforma Mozilla Hubs e o público poderá explorar vários locais online a partir do foyer do teatro virtual. O enredo inclui um encontro com a alegoria das sombras de Platão.
Há experimentos mais próximos também.
O Programa Pontes realizado pela Oi Futuro e pelo British Council juntou jovens artistas da comunidade Aglomerado da Serra, de Belo Horizonte, com criadores britânicos de Bristol, na Inglaterra, e do encontro surgiu a exposição "Galeria Virtual Disputa Nervosa", igualmente hospedada no Mozilla Hubs.
Desde 18 de novembro, é possível visitar essa instalação artística digital interativa, que funciona como um game e mescla rap e imagens da favela com ingleses em alguns vídeos.
Separamos aqui alguns outros ambientes para que você possa navegar pelas possibilidades da ferramenta.
Um ambiente de trabalho e conversa baseado em um coworking brasileiro.
Feito para ser assistido com o Oculus, esse é um exemplo de uma apresentação criada para a American Association of Anatomy na conferência de Biologia Experimental realizada no ano passado.
O antropólogo e pesquisador Keith Chan recriou Paraceratherium, um rinoceronte sem chifres, e montou um 'minimuseu' sobre esse animal extinto para ser o centro da sua sala de trabalho virtual.
A 'Agência Espacial' Arcade vem desenvolvendo projetos de realidade virtual e aumentada e criou uma galeria, em parceria com a The Heritage Alliance, para mostrar uma competição de fotografia de navios históricos.
Usando técnicas de fotogrametria, que é a tecnologia que permite transformar fotografias em modelos 3D, foi feita uma versão navegável da Clarion Alley, uma pequena rua em São Francisco, nos EUA, famosa por seu mural de grafites.
Um outro exemplo de fotogrametria, uma versão da Catedral de Notre Dame, que mostra bem as possibilidades e limitações da tecnologia.
O Parque Albert Basin é um parque que (ainda) não existe, localizado na cidade de Newry, na Irlanda. Como forma de tangibilizar a proposta de construção de um parque em uma zona abandonada da cidade, eles criaram um espaço no Hubs onde fizeram apresentações e atividades culturais.
Uma estação para o metaverso baseada na linha Amarela do Metrô de São Paulo.
Todos esses exemplos podem ser acessados de maneira livre e gratuita e mostram algumas das possibilidades dessa incrível ferramenta.
E fiquem ligados, esta coluna promete trazer novidades em breve, usando o Mozilla Hubs como palco ;)
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