Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Quer se sentir um astronauta? Realidade virtual faz você caminhar no espaço
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Há mais de 60 anos, um dos autores desta coluna chegou a escrever, a quatro mãos, com seu melhor amigo, o que parecia uma aventura incrível, impossível de ser concretizada —uma viagem a Marte. Ambos tinham uns dez anos no começo dos anos 60 do século passado e a ficção científica estava no auge. Felizmente, esse manuscrito se perdeu.
Mas não parou aí o fascínio de Paulo pelas viagens espaciais e pela tecnologia: há quase 53 anos, na TV da casa dos pais, viu perfeitamente quando o astronauta norte-americano saltou da escada da Apollo 11 para colocar os pés na superfície da Lua.
As imagens produzidas por outro astronauta, Buzz Aldrin, tinham percorrido longo caminho desde a Lua até a zona sul de São Paulo.
Enviadas para o Sputinik, um satélite russo que já orbitava a Terra há mais de uma década, foram retransmitidas para o Centro Espacial Johnson, nos EUA, que as enviou para o mundo todo —e assim chegaram a uma antena parabólica de 30 metros de diâmetro da Embratel, instalada no Centro Tanguá, no Rio de Janeiro.
A cena hoje disponível em versão restaurada pela Nasa no Youtube era de baixa qualidade e em preto e branco, e muita gente, na época, chegou a duvidar que fossem reais.
Mas Paulo jamais esqueceu aquele momento que parecia prometer um futuro risonho e franco.
Pedro nasceu quando o fim da União Soviética parecia colocar um ponto final na Guerra Fria e, por tabela, na pressa dos dois inimigos na corrida espacial.
A Challenger já tinha explodido e um casal de astronautas soviéticos tinham passado 366 dias na estação espacial Mir, mas na infância e adolescência, o assunto não estava nas prioridades de Pedro —e de boa parte da humanidade.
Esta semana, Paulo e Pedro deram um passeio no que antigamente era chamado de espaço sideral. Passaram dez minutos a mais de 400 quilômetros acima da superfície da Terra, no lado de fora da estação espacial internacional onde russos e norte-americanos convivem pacificamente, apesar de tudo.
A sensação de flutuar no espaço e acompanhar o trabalho dos astronautas Thomas Pesquet e Akihiko Hoshide é difícil de descrever. Só vendo. Para isso, basta ter um Oculus Quest e uma conta no Facebook.
A filmagem foi realizada em setembro de 2021 pela empresa canadense de realidade virtual Felix & Paul Studios e está disponível gratuitamente durante este mês.
É, com certeza, uma das mais bem acabadas demonstrações das possibilidades das câmeras 360 —que nos permitem ter a sensação quase real de caminhar no espaço, do lado de fora de um artefato feito pelo homem e orbitando nosso planeta.
O filme faz parte da série Space Explorers: The ISS Experience, que já ganhou um Emmy.
Os capítulos anteriores da série se passam no interior da estação. É impressionante ver astronautas trabalhando, comendo, conversando e flutuando no espaço e poder olhar ao redor e prestar atenção em cada detalhe da gigantesca estação espacial.
Mas o fato de estarmos dentro de um engenho voador reduz um pouco a sensação de presença imersiva —ao contrário do que ocorre no passeio espacial agora oferecido.
Os produtores canadenses começaram a trabalhar com a Nasa em 2006, mas foi preciso adaptar os equipamentos para filmagens no vácuo do espaço. Não houve fotógrafos —os astronautas foram treinados para operar a câmara VR.
Toda a produção foi pensada para atingir o público por meio de uma variedade de plataformas para visualização em 360 graus, incluindo smartphones e tablets habilitados para 5G.
Além disso, o planetário de Montreal tem uma versão especial e há também uma exposição interativa naquela cidade que já atraiu 40 mil espectadores.
O astronauta canadense David St. Jacques, que contribuiu para as filmagens resumiu:
"Não há bastidores. Está tudo no palco. Esta é uma das coisas mais sinceras que já foram filmadas no espaço."
A Felix & Paul Studios tem bom material disponível nas plataformas de realidade virtual —de um passeio pela Casa Branca, tendo Obama e Michelle como cicerones, a apresentações do Cirque du Soleil.
Mas a viagem em pleno espaço é outra história. Capaz de deixar o velho Paulo e o jovem Pedro de boca aberta
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