'Garçom, traz uma NFTapioca': visitei o 1º bar do país dedicado a metaverso

Metaverso ainda é um conceito digital e abstrato para muita gente, mas na zona norte de São Paulo ele já está bem concreto — e vende bebidas. É o Metabar, o primeiro bar no Brasil focado no tema, que abriu suas portas em 25 de junho.

Geralmente, escrevemos esta coluna juntos, mas só eu, Pedro, estou em São Paulo, então decidi visitar sozinho mesmo.

Na verdade, o Metabar absorve quase todas as tendências digitais atuais. NFT, tem aos montes: o logotipo da casa é um dos famosos 'bored apes', macacos digitais que integram uma coleção de NFTs das mais valiosas.

Nas paredes, reproduções do Bored Ape 6633, comprado pelo Neymar Jr. por R$ 6 milhões, e o Cryptorastas #03241, comprado pelo rapper Snoop Dogg por aproximadamente R$ 135 mil.

Até no cardápio: enquanto começava a escrever esta coluna, pedi uma porção de "NFTapiocas", dadinhos de tapioca com geleia de pimenta.

(O menu tenta ser mais criativo no nome do que na variedade. A seleção é a mesma de bares nada digitais, com porções, salgados e grelhados. A maior ousadia são alguns narguilês.)

O que interessa mesmo é o cardápio de experiências no metaverso, como uma visita à Torre Eiffel, e alguns jogos. Estão disponíveis três Oculus Quest 2, da Meta, em áreas demarcadas por aqueles separadores de fila de aeroporto.

Muitas pessoas têm sido atraídas pela possibilidade de curtir o tal metaverso. Embora o movimento durante a semana seja pequeno, nos finais de semana já há algum agito, segundo Carlos, um dos atendentes do bar.

Depois da entrada, o prato principal

O que vale a pena experimentar no Quest? Se fosse um drinque, pediríamos a recomendação do barman, então foi isso que fiz. A equipe da casa recomendou Fruit Ninja VR, uma versão em realidade virtual do clássico jogo de celular; e Mission: ISS, uma experiência imersiva em uma estação espacial.

Eles prepararam todo o espaço e deixaram o jogo no ponto de partida. Ainda assim, levei algum tempo para entender o que precisava fazer.

No fim, acabei me acertando com a ferramenta e fiquei uns bons minutos imerso na RV. (Cada sessão dura 7 minutos e custa R$ 10.)

Definitivamente não tenho futuro como "ninja cortador de frutas". Fiz uma pontuação medíocre. Eu me diverti muito mais no Mission: ISS, com simulação de gravidade zero e uma vista para o planeta Terra em todo seu esplendor.

Renato, um dos atendentes, ficou um pouco frustrado pela minha falta de reação à tecnologia. Ele está acostumado com o entusiasmo ou o espanto de clientes que experimentam pela primeira vez, o que não é meu caso.

Sei bem como ele se sente. Em certa medida, o ponto todo desta coluna é explicar o inexplicável e descrever a indescritível experiência da realidade virtual.A primeira vez é realmente impactante.

E é justamente aí que eu vejo beleza e potência nesse Metabar.

Não é simples e nem óbvio para as pessoas entenderem quais as possibilidades da realidade virtual. Experimentar isso entre um drinque e outro numa quarta-feira qualquer por um preço módico permite que curiosos adentrem esse universo.

Povo do boteco encontra a turma tech

Para finalizar, fiz uma breve entrevista com Natan Lima, um dos sócios do empreendimento.

Como você teve a ideia do Metabar?

Já estou inserido no mercado de blockchain e tecnologia. Tinha vontade de abrir um bar, mas ao mesmo tempo não queria que fosse um bar comum. Queria algo que não existisse. Uma das inspirações foi a foto do perfil do Instagram do Neymar Jr, que nada mais é que a NFT de Boared Ape.

Por que criar um bar focado no metaverso?

Acredito que precisamos de um equilíbrio entre o físico e digital. De forma simples, conseguimos trazer um conceito educacional e desmistificar toda essa complexidade que as pessoas encheram ao redor da tecnologia. Estamos puxando essa bandeira do metaverso através de entretenimento e diversão.

Quem é o público-alvo?

São três: o público normal de boteco; os curiosos sobre o tema de tecnologia como blockchain, NFT e metaverso; e também grupos já focados nesse mercado. Já estamos fazendo encontros e reuniões para agregar a comunidade tech como um todo, de gamers a programadores.

Quais foram alguns dos desafios que você enfrentou até agora?

Nosso principal desafio é na experiência do usuário. Deixá-la cada vez mais simples como um todo dentro da casa.

Quais são seus planos para o futuro do Metabar?

Estamos focados em fazer uma expansão agressiva om pelo menos cinco unidades próprias nos próximos 5 anos. Também vamos soltar outras experiências que já estamos desenvolvendo para os clientes se divertirem e aprenderem mais.

Me conte sobre a ideia de presentear as pessoas com NFTs em seu aniversário.

A pessoa que decidir comemorar o aniversário no Metabar, ganhará um NFT de presente. Com esse NFT, terá acesso VIP ao bar mesmo em dias de festas com atrações e também desconto vitalício de 5% na conta apresentando a obra exclusiva.

Onde podemos encontrar vocês no metaverso?

Ainda estamos terminando de desenvolver nosso bar dentro do metaverso. Estamos analisando algumas parcerias para construir dentro de um mundo direcionado.

Quais são as suas coisas favoritas sobre o metaverso?

Liberdade de expressão, comunicação global e melhoria na experiência de relacionamento mesmo à distância. Acredito que a Web 3.0 só tem a agregar na convivência de todos, trazendo mais intimidade e conexão.

Você tem alguma dica para as pessoas que são novas no metaverso?

Entrem, comecem a explorar, se atualizem, pois não é o futuro e sim o presente. Em um futuro próximo, grande parte das pessoas e empresas vão migrar para o metaverso. Não sabemos em qual mundo e nem em qual velocidade, mas isso já está acontecendo. Temos que participar dessa mudança disruptiva e agregar da forma que acharmos que podemos contribuir. Se depender de nós, do Metabar, vamos contribuir para acelerar esse movimento.

Aos leitores da coluna que se sentirem curiosos, vale uma visita.

O que: Metabar
Onde: Av Luis Dummont Vilares, 699 - Jardim São Paulo, São Paulo
Contato: (11) 96494-1001
Instagram: @metabaroficial