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Pedro e Paulo Markun

REPORTAGEM

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Este headset pode explodir (de verdade) a cabeça de um jogador no metaverso

Headset de realidade virtual possui três cargas explosivas embutidas capazes de "destruir instantaneamente o cérebro do usuário" - Reprodução
Headset de realidade virtual possui três cargas explosivas embutidas capazes de "destruir instantaneamente o cérebro do usuário" Imagem: Reprodução

Pedro e Paulo Markun

Colunistas do UOL

12/11/2022 04h00

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No último dia 6, milhares de usuários de um jogo oline de última geração (com direito a capacete e imersão total) ficaram presos dentro do metaverso. Bem no dia do lançamento, a inteligência artificial que controla o mundo do jogo fez um experimento macabro: prendeu todo mundo e deu uma única opção de saída - vencer o jogo ou morrer (de verdade) tentando.

A descrição acima é o enredo de Sword Art Online, um anime mundialmente famoso criado em 2012 por Reki Kawahara. Conta a história do jogador Kirito e sua batalha para sobreviver ao game.

Desde então, a franquia Sword Art Online tornou-se uma das séries de anime mais populares do planeta. Além da animação, a franquia possui diversos outros produtos, como livros, jogos eletrônicos e até um filme live action.

Para "celebrar" a data ficcional de 6 de novembro, Palmer Luckey, cofundador da Oculus, empresa comprada pela Meta para desenvolver hardware para o metaverso, resolveu por em prática a ideia, que parece estranha, para dizer o mínimo.

Luckey diz que projetou um headset VR com três cargas explosivas embutidas, plantadas acima da testa, capazes de "destruir instantaneamente o cérebro do usuário".

O que desencadeia a explosão letal é um fotossensor que detecta se a tela piscar em determina frequência, na cor vermelha. Daí, game over. E não só para o jogo, mas para o próprio jogador.

O responsável pela ideia diz ser fascinado pelo anime. No SAO, os usuários ficam presos no NerveGear —um capacete onde o usuário se conecta no metaverso através de leitura das ondas cerebrais— e são ameaçados de morte por um gerador de microondas oculto caso seu avatar morresse no jogo.

Sword Art Online metaverso headset capacete imersão - Reprodução - Reprodução
Cena de Sword Art Online, que inspirou Luckey a criar o headset mortal
Imagem: Reprodução

Por enquanto, era ficção.

Luckey explicou em seu blog que o entusiasmo dos jogadores pela possibilidade fez com que ele resolvesse concretizar a possibilidade.

"A ideia de vincular sua vida real ao seu avatar virtual sempre me fascinou —você instantaneamente eleva as apostas ao nível máximo e força as pessoas a repensar fundamentalmente como elas interagem com o mundo virtual e com os jogadores dentro dele. Gráficos aprimorados podem fazer um jogo parecer mais real, mas apenas a ameaça de consequências sérias pode fazer um jogo parecer real para você e todas as outras pessoas no jogo. Esta é uma área da mecânica de videogame que nunca foi explorada, apesar da longa história dos esportes do mundo real girando em torno de apostas semelhantes".

Já houve ensaios parecidos:

  • Um jogo de Pong que ameaçava os derrotados com sensações como calor, socos e eletrochoques;
  • E o "Torneio de Tortura Tekken", onde 32 participantes voluntários receberam choques elétricos estimulantes, mas não letais, como consequência dos ferimentos sofridos por seus avatares no game de luta.

Luckey diz que não terminou seu projeto e reconhece: falhas eventuais poderiam matar o usuário "na hora errada".

E resume:

"Neste ponto, é apenas uma experimento de arte, um lembrete instigante de caminhos inexplorados no design de jogos. É também, até onde eu sei, o primeiro exemplo de não-ficção de um dispositivo VR que pode realmente matar o usuário. Não será o último. Nos vemos no metaverso".

Os colunistas rebatem: nós quem, cara-pálida?