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Pedro e Paulo Markun

OPINIÃO

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Metaverso em crise? Aqui vão 5 razões para ainda apostar que ele tem futuro

Metaverso está enfrentando uma ressaca, mas segue uma aposta importante - Freepik
Metaverso está enfrentando uma ressaca, mas segue uma aposta importante Imagem: Freepik

Pedro e Paulo Markun

Colunistas do UOL

04/12/2022 04h00

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Há uma onda de pessimismo cercando o metaverso. Para alguns analistas, foi uma onda que passou, apontando para o mau desempenho da empresa responsável por boa parte do barulho —a Meta, ex-Facebook.

Mas há outros sinais, que levam os colunistas a acreditar que ainda é cedo para vaticinar o naufrágio.

1. Palavra do ano

O termo "metaverso" é uma das três finalistas para a Palavra do Ano Oxford (WOTY) na competição realizada pela Oxford University Press (OUP) —que edita o Oxford English Dictionary. As outras duas são "#IStandWith" e "Goblin Mode."

Pela primeira vez, a disputa permitiu que o público pudesse votar. O resultado será anunciado na segunda-feira (5). Os colunistas apostam: metaverso deve ganhar.

A maior editora do mundo registrou um aumento de quatro vezes no uso do termo, em outubro de 2022, em comparação com o mesmo período do ano passado.

2. Novo dispositivo

A Sony acaba de lançar um dispositivo que copia os movimentos de quem usa para seu avatar.

O Mocopi oferece seis faixas de rastreamento de movimento usadas nas mãos, pés, costas e cabeça. Custa 49.500 ienes (cerca de R$ 1.900) e permite rastrear seu corpo para criar vídeos ou operar avatares em tempo real com aplicativos de metaverso como o VRChat.

3. Investimentos

Há números para sustentar esse nosso raciocínio.

Em 2012, 11 negócios de realidade virtual (RV) e realidade aumentada (RA) receberam um total de US$ 223 milhões. Em 2021, foram mais de US$ 18,9 bilhões em 311 negócios.

Este ano, pouco mais de US$ 5 bilhões foram levantados por 283 projetos de RV e RA, de acordo com Verdict, um site inglês especializado em negócios B2B (voltados para empresas).

A conta não considera investimentos em nuvem, big data e games, onde a grana segue rolando.

4. Metaverso no dia a dia

O doutor Louis B. Rosenberg, responsável por desenvolver o primeiro sistema de realidade aumentada funcional no Laboratório de Pesquisa da Força Aérea, tem mais de 300 patentes e fundou as primeiras empresas de RV e RA.

Num artigo na revista digital Big Think, Rosenberg prevê que o metaverso não vai ficar restrito aos jogos, entretenimento e outros campos limitados:

"Na verdade, prevejo que no início da década de 2030, o metaverso se tornará uma parte central da vida cotidiana", afirma.

O cientista não aposta que vamos passar nossas vidas encarnados em avatares assustadores, em mundos virtuais de desenho animado, conversando com amigos e colegas de trabalho.

"Os espaços virtuais ficarão muito mais naturais e realistas. Ainda assim, acredito que os mundos puramente virtuais serão voltados principalmente para atividades de curta duração, semelhantes a como nos perdemos nos filmes hoje", diz.

E prossegue:

"O verdadeiro metaverso —aquele que transformará nossas vidas— será enraizado na realidade aumentada, permitindo-nos experimentar o mundo real embelezado com conteúdo virtual imersivo que aparece perfeitamente ao nosso redor. Essa é de longe a maneira mais natural para nós humanos trazermos o mundo digital para nossas vidas. Por essa simples razão, o metaverso está chegando —independentemente do que aconteça com o Meta", conclui.

5. Inovando o marketing

Um novo artigo acadêmico publicado por Dan Zhang e Simon Chadwick, da Coventry University, do Reino Unido, e Lingling Liu, da Sports Dao (uma consultoria especializada), descreve o metaverso como a porta de entrada para uma nova era do marketing, como aconteceu com as redes sociais anteriormente.

Para esses pesquisadores, as transformações não serão assim tão pacíficas e será preciso estabelecer fóruns que possam mediar os conflitos entre as necessidades de marketing do metaverso e o desejo do consumidor Web3 por mais descentralização.

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De modo geral, tudo isso passa ao largo do entendimento do grande público, para quem o metaverso segue algo nebuloso.

Para os colunistas, mudanças disruptivas como a que se anuncia demandam tempo de maturação, erros e acertos e podem gerar ondas de otimismo e pessimismo, geralmente supervalorizadas.

Resumo da ópera: o metaverso está enfrentando uma ressaca, mas segue uma aposta importante. Ainda não é aquilo tudo, mas vai ser em breve.

Enquanto isso, muita gente perde dinheiro, alguns agitam o mercado e a massa mesmo fica de fora.