Quantos animais viram comida por ano? Bilhões, e ainda pioram o ambiente
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Pergunta de Zoe Claire Coelho-Castro, de Airdrie, no Canadá - quer enviar uma pergunta também? Clique aqui
Pequena Zoe, prepare-se para números sangrentos. Não só isso: a morte de animais é ainda um problema alarmante. De acordo com dados publicados pelo Fórum Econômico Mundial, entre 10% e 12% das emissões de gases do efeito estufa, que atuam diretamente no aquecimento global, derivam da agropecuária. Deste montante, três quartos são emissões vindas de gado de corte, de leite e de aves de granja.
Só de frango, são 66,5 bilhões abatidos para nos servir como galeto, frango frito e até salsicha —todos os dados deste post são da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO/ONU). Isso dá 182 milhões de velórios na granja por dia, 7,6 milhões a cada hora, 126 mil por minuto, 2.110 galináceos virando nugget a cada segundo.
Para continuar falando de aves, 3 bilhões de patos viram comida anualmente. O mesmo ocorre com 663 milhões de perus e 657 milhões de gansos/galinhas d'angola. Só não me pergunte porque raios a ONU computa gansos e galinhas d'angola na mesma categoria.
Porcos ficam bem atrás dos frangos em número de abates, mas comparando o peso desses animais, não dá para achar que 1,48 bilhão de suínos seja pouca coisa. Ou seja, bacon, pernis, lombos e torresmos são oferecidos para o nosso deleite pelo sacrifício de 4 milhões de porcos por dia, 169 mil por hora, e mais de 2,8 mil presuntos por minuto.
O gado nosso de cada dia, mais e mais inflacionado no mercado, segue na mesma toada: como pesa muito mais do que os bichos mencionados acima, tem muito menos boi morrendo do que frango ou porco. Imagina: "só" 304 milhões por ano. Seguindo com o exercício de comparação feito com os animais listados anteriormente, são 834 mil por dia, quase 35 mil por hora, 579 bovinos por minuto. Ah, e entre os ruminantes tem ainda os búfalos: 26,4 milhões mortos a cada ano.
Vale também mencionar o desmatamento causado pelo gado. Aqui no Brasil, 65% do desflorestamento é causado pela pecuária, num primeiro momento para o aumento de áreas para pastagem e em seguida para o cultivo de grãos que predominam na dieta de bois e vacas, como a soja.
Comparando o consumo de água necessário para produzir vários tipos de alimentos, os bovinos também são extravagantes e nada sustentáveis. Para colocar um quilo de carne na prateleira do açougue ou do supermercado, é necessário gastar 15,4 mil litros de água. Para cada quilo de porco ou frango comercializados, a corredeira é menor, mas não menos impactante: 5,9 mil litros e 4,3 mil litros, respectivamente. Para fazer um quilo de vegetal chegar à feira, gasta-se modestos 322 litros de água - 2% do que é gasto para hidratar um quilo de bife, do curral ao prato.
Fechando os parênteses ambientais, voltemos ao matadouro: 567 milhões de ovelhas e 464 milhões de cabras morrem, por ano, para alimentar alguém. Animais praticamente não consumidos aqui no Brasil, como cavalos (4,7 milhões anuais) e camelos (2,8 milhões) também viram comida mundo afora. E até os coelhinhos que estão no seu aristocrático sobrenome, pequena Zoe, sofrem com o extermínio pecuário: são quase 972 milhões mortos anualmente para servir de alimento.
Para fechar a carnificina, vamos aos rios e mares. A FAO/ONU não mede a quantidade de peixes mortos por ano, mas há números sobre a produção mundial por peso: são pescadas 171 milhões de toneladas anuais (150 milhões para consumo alimentar), o que dá cerca de 20 kg de peixe por pessoa.
Se considerarmos dados de entidades ativistas, como a Fish Count, que usam os dados de pesca da FAO/ONU para calcular o número de indivíduos capturados, estima-se que a mortandade de peixes bata na casa dos 13 dígitos: entre 800 bilhões e 2,3 trilhões de peixes mortos anualmente para alimentar a humanidade.
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