Houston, temos bebê a bordo: uma astronauta pode ficar grávida no espaço?
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Pergunta de Estela Conceição, de Chapada da Natividade (TO) - quer enviar uma pergunta também? Clique aqui
Pode, mas não deve (ainda), Estelita. Astronautas são proibidas de embarcar grávidas em missões espaciais —elas passam por testes regulares no período de 10 dias antes de decolar, já que os efeitos de viver no espaço para a gestante e para o bebê são desconhecidos.
Sobre engravidar durante a missão, as chances são remotas, já que algumas delas tomam pílula para evitar a menstruação e porque, oficialmente, não há registros de relações sexuais entre astronautas. O máximo de informação que temos sobre a vida sexual dos exploradores espaciais são as declarações de um cosmonauta anônimo e do astronauta Ron Garan sobre masturbação —ainda que Ron não tenha confirmado o ato solitário.
Mas digamos que o sexo estivesse liberado na Estação Espacial Internacional (ISS): o malabarismo necessário para encaixar as partes envolvidas, vencendo a microgravidade, seria um desafio acrobático pensando em fins de fertilização - e até de prazer.
Para tentar resolver isso, inclusive, a italiana Vanna Bonta inventou o 2Suit, traje espacial para manter duas pessoas coladinhas e facilitar o procedimento —a fantasia, infelizmente, não emplacou no guarda-roupa das missões espaciais.
O risco da operação também envolveria os equipamentos de bordo, uma vez que os fluidos envolvidos —incluindo o suor, que aumenta no espaço— flutuariam pelo ambiente, podendo danificar aparelhos.
Convenhamos, porém, que dar um jeito de transar em condições de isolamento não seria um impeditivo, né: num dos ambientes mais inóspitos e menos sexies do planeta, nas estações de pesquisa australianas na Antártida, houve sete casos de gravidez entre 1989 e 2006. Basta dar a brecha que os astronautas chegariam lá.
Consumado o intercurso, a próxima questão seria a viabilidade da fertilização e do desenvolvimento do embrião em duas condições críticas: exposição à radiação e à bendita microgravidade. Os raios cósmicos, na ISS, na Lua ou em Marte, teriam potencial para danificar as células reprodutivas masculinas e femininas, resultando em menores taxas de fertilidade ou em falhas na síntese do DNA ao longo do desenvolvimento do feto, o que ocasionaria malformações físicas e neurológicas. A microgravidade, sabidamente, diminui drasticamente a densidade óssea e a massa muscular de astronautas em longas missões. O efeito disso sobre um bebê em formação é imprevisível, porém nada animador. Nada indica, também, que a mãe se beneficiaria dessas condições do ambiente espacial ao longo da gestação, pelo contrário.
Enquanto a concepção do primeiro bebê humano no espaço ainda engatinha na mente dos cientistas, testes com outros animais já são feitos desde os anos 1990. Células reprodutivas, embriões e até espécimes de ratos, répteis, ouriços-do-mar, pássaros e peixes (os primeiros vertebrados a copular no espaço) já foram dar uma voltinha na termosfera para terem sua viabilidade reprodutiva avaliada.
De lá para cá, resultados negativos e positivos apareceram e nada indica a impossibilidade de rolar o mix de gametas feminino e masculino necessário para o primeiro bebê espacial acontecer. Se teria um desenvolvimento até o termo, se viria à luz e se nasceria bem, com todas as capacidades de um bebê humano nascido na Terra, já é outra história: qualquer especulação ainda é um terreno mais insondável que o de Marte...
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