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Não foi só Richter: quem inventou a escala usada para medir terremotos?

Marcello Migliosi/ Pixabay
Imagem: Marcello Migliosi/ Pixabay

11/01/2021 04h00

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Quem inventou a escala Richter, para medir terremotos? - Pergunta de Jairo Costa, de Tremedal (BA) - quer enviar uma pergunta também? Clique aqui.

Para começo de conversa, a escala devia se chamar Richter-Gutenberg, caro tremedalense. É que o trabalho de criar a escala de terremotos mais popularmente conhecida foi obra de uma dupla.

Quem levou a fama sozinho foi o físico e sismólogo americano Charles Francis Richter; seu colega alemão, Beno Gutenberg, por outro lado, era tão discreto e avesso a entrevistas que foi ignorado no batismo da escala que ajudou a inventar.

A dupla, que trabalhava no Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech), abalou as estruturas das ciências geológicas em 1935 ao propor a "escala de magnitude local". Foi a primeira escala baseada em dados objetivos para calcular os choques entre as placas tectônicas do solo. Antes disso, a medida mais utilizada era a escala de Mercalli, proposta em 1902 por Giuseppe Mercalli.

O problema da escala italiana era ser baseada no tamanho do estrago causado pelo terremoto e pela sensação que causava em quem testemunhou a tremedeira —quanto mais destruição e temor, maior a graduação do abalo sísmico.

A escala de Mercalli ia de 1 a 12 em numerais romanos (I a XII), mas a subjetividade atrapalhava a avaliação: um terremoto pesado ocorrido em uma área despovoada, por exemplo, ficava abaixo de um tremor mais modesto que destruísse construções despreparadas para o impacto em uma área urbana.

A novidade introduzida por Richter e Gutenberg foi tornar a medição objetiva, baseada nas ondas detectadas e traçadas por sismógrafos, como essas da imagem a seguir:

Sismógrafos no Serviço Geológico dos EUA (U.S. Geological Survey, no original em inglês), na Califórnia -  J.K. Nakata - 17.out.1989/ U.S. Geological Survey -  J.K. Nakata - 17.out.1989/ U.S. Geological Survey
Sismógrafos no Serviço Geológico dos EUA (U.S. Geological Survey, no original em inglês), na Califórnia
Imagem: J.K. Nakata - 17.out.1989/ U.S. Geological Survey
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Imagem: iStock

A escala começou assumindo valores de 0 a 9, com zero servindo para catalogar o menor terremoto detectável à época e 9 como uma grandeza exagerada, que a dupla de sismólogos imaginava que dificilmente ocorreria.

De lá para cá, as medições ficaram mais sensíveis, possibilitando a identificação de tremores de valores negativos na escala. Além disso, desde a estreia da escala, já houve quatro terremotos que superaram a graduação máxima: um entre 9,4 e 9,6 no Chile (1960), um de 9,2 no Alasca (1964), um entre 9,1 e 9,3 na Indonésia (2004) e um de 9,1 no Japão (2011) —houve ainda um quinto terremoto acima de 9, mas ocorrido antes de a Richter existir, em 1730, também no Chile.

A progressão de Richter e Gutenberg não é linear e, sim, logarítmica de base 10 —ou seja, a cada unidade, a potência do terremoto é dez vezes maior do que na unidade anterior. Isso significa que um tremor de magnitude 6 é dez vezes maior do que um classificado como 5, cem vezes maior do que um terremoto 4, mil vezes maior do que um 3 e 10 mil vezes maior do que um modesto 2.

Ah, Richter e Gutenberg tomaram esse termo "magnitude" emprestado da astronomia, onde ele é usado para graduar o brilho das estrelas.

Por fim, outro grande mal entendido dessa história toda é que a escala de Richter já é obsoleta desde 1979 —embora a gente siga ouvindo falar dela no noticiário quando ocorre algum grande terremoto pelo mundo.

A escala de magnitude de momento foi criada por outra dupla, formada pelo americano Thomas C. Hanks e pelo japonês Hiroo Kanamori. Mas dessa vez ninguém teve o nome batizando a nova escala nem levou a fama por ela.

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