Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.
Tanta gente passou por aqui: quantas pessoas já viveram na Terra até hoje?
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Quantas pessoas já viveram na Terra até hoje? - Pergunta de Carlos Barcellos, de Bebedouro (SP) e Luís Felipe Simões, de São Paulo (SP) - quer enviar uma pergunta também? Clique aqui.
Dentre inumeráveis dúvidas, vocês chegaram com uma gigantesca, caros bebedourense e paulistano. Obrigado por contarem com este limitado colunista para tamanho cálculo. Vamos lá...
A metodologia mais confiável para chegar ao número que revelarei somente ao final do texto é do Population Reference Bureau (PRB), algo como Escritório de Referência Populacional, em tradução livre para o português. Sediado em Washington D.C. (EUA), o PRB publicou essa contagem pela primeira vez em 1995 e, de tempos em tempos, atualiza o total.
Para adiantar um pouquinho a grandeza da coisa, pode-se dizer que para cada pessoa viva atualmente, há outras 14 que já viveram, aproximadamente.
Isso quer dizer que a população atual da Terra corresponde a cerca de 7% de todos os Homo sapiens que já vieram à luz neste planeta.
Menciono nossa espécie para destacar a metodologia do PRB para os cálculos: os demógrafos Toshiko Kaneda e Carl Haub explicam que a contagem deles começa por volta de 50 mil anos atrás (baseados no documento "Determinants and Consequences of Population Trends" da ONU), ressaltando que 99% desse período não tinha documentação demográfica como temos hoje.
"Calcular o número de pessoas que já viveram é parte ciência, parte arte", esclarecem os especialistas no último relatório publicado, em janeiro de 2020.
Para esse exercício de imaginação estatística (ou de estimativa imaginativa?), os pesquisadores relatam o seguinte ponto de partida: saber o tamanho da população humana em diferentes períodos e saber o tempo que cada habitante permanecia vivo, em média, em cada uma dessas épocas.
Como a expectativa de vida média era baixíssima no início da história humana (algo entre 10 e 12 anos até pelo menos 100 d.C.), era preciso haver muitos nascimentos para a população crescer em quantidade. Essa expectativa de vida média pode parecer baixa demais para os parâmetros atuais (cerca de 75 anos no Brasil em 2018), mas era isso mesmo. A mortalidade infantil era tão alta que, para cada adulto que vivia até os 40 anos, a maioria dos indivíduos sequer chegava à fase adulta.
Por isso, o PRB trabalha com uma taxa de 80 nascimentos para cada 1.000 habitantes desde o ano 8.000 a.C. (quando a população mundial estimada era de 5 milhões) até perto do ano 1 da era cristã (população estimada de 300 milhões).
Com o passar do tempo, os indivíduos da nossa espécie passaram a viver mais tempo. Logo, não era mais preciso bancar tantos nascimentos para a população seguir crescendo —aliás, mesmo com menos gente nascendo per capita, o ritmo de crescimento populacional só tem aumentado.
Atualmente, somos cerca de 7,7 bilhões de humanos vivos com uma taxa de natalidade cinco vezes menor do que nos primórdios: 19 nascimentos para cada 1.000 habitantes.
Levando todos esses fatores em consideração, no fim das contas, Haub e Kaneda chegam ao número mágico de 108 bilhões de humanos que já passaram pelo planeta (108.760.543.790 para ser mais exato), incluindo você e eu. Dá mais de 1,3 milhão de cidades do tamanho de Bebedouro e 8,8 mil do tamanho de São Paulo...
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