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Por que nem sempre dá certo filmar ou fotografar telas de eletrônicos?

Não, sua tela não está com defeito. Esta imagem é apenas um exemplo de efeito moiré - Getty Images
Não, sua tela não está com defeito. Esta imagem é apenas um exemplo de efeito moiré Imagem: Getty Images

31/01/2022 04h00

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Por que nem sempre dá certo filmar ou fotografar telas de eletrônicos? - Pergunta de Luiza Galeazzi, Santana de Parnaíba (SP) - quer enviar uma pergunta também? Clique aqui.

É culpa do moiré (pronuncia-se "muarrê"), cara parnaibana. Mas não se iluda: ele não é um francês que descobriu e batizou um efeito visual.

Trata-se do efeito moiré, uma distorção visual gerada pela interação entre padrões gráficos registrados em imagens fotografadas ou filmadas e o padrão de reprodução dessas imagens, sejam elas impressas ou exibidas em telas.

É o mesmo efeito que ocorre quando linhas horizontais, verticais ou um padrão xadrez da roupa de alguém que você fotografou com o celular se embaralham na hora do eletrônico exibi-la na tela.

Isso ocorre porque às vezes os pixels (pontinhos da tela que se iluminam para formar as imagens) não dão conta de reproduzir alguns detalhes da maneira como enxergamos.

A imagem a seguir exemplifica isso: o moiré costuma aparecer quando um padrão gráfico se sobrepõe a outro formando uma terceira imagem distorcida. No caso, o padrão fotografado não "se alinha" com a grade de pixels da tela, gerando distorção.

Se isso ocorre com estampas de roupas —já reparou que apresentadores de TV raramente usam padronagens pequenas ou listras finas nos figurinos?— imagine uma tela, que é uma malha de pixels, sendo reproduzida por outra malha de pixels —no caso, a tela do seu celular. É praticamente impossível que a grade fotografada ou filmada não se embaralhe com a grade que a exibe.

Veja outro exemplo desse desalinhamento:

No caso de imagens em movimento —um exemplo clássico é quando filmamos algo que está sendo exibido em um computador—, o defeito na imagem pode ocorrer pela diferença entre a velocidade de captura da câmera e a velocidade de exibição das imagens na tela que está sendo filmada.

Como você deve saber, o cinema e a televisão não reproduzem o movimento, mas, sim, uma ilusão de movimento por meio de imagens estáticas exibidas em sequência rapidamente, de modo que nossos olhos e cérebros não percebam a transição.

Só que a câmera não "enxerga" como o olho humano. Então, às vezes, ela captura e exibe essas transições entre uma imagem e outra, estragando a magia que os Lumière —esses, sim, franceses que estudaram um efeito visual— popularizaram e tornaram parte da nossa vida, cara parnaibana.

Cenas pós-créditos

O curioso é que esse aparente defeito gráfico ou audiovisual tem incríveis utilidades. Pesquisando sobre o tema me deparei com o Trabalho de Conclusão de Curso dos cientistas da computação Josué Demartini e Vinicius Almeida Rodrigues, defendido na PUCRS, em 2010, e intitulado "Software para estudo das características topográficas de imagens geradas com a técnica de moiré".

E folheando o belo trabalho, descobri que o efeito moiré pode ser usado para estudar relevos dos mais variados com precisão, do mesmo jeito que as curvas topográficas, na engenharia, revelam as características de determinados terrenos.

Segundo os autores, o efeito moiré pode ser aplicado para variadas finalidades, incluindo digitalização de objetos 3D e até para diagnóstico de escoliose, lordose e outros desvios da coluna vertebral a partir de projeções nas costas de pacientes.

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