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"Isso abala": falha de internet, luz e pressão no home office na quebrada
Desde o começo da pandemia de covid-19, em abril de 2020, Patrick Silva, 24, trabalha em home office como agente de relacionamento. O morador do Parque Santo Amaro, na periferia de São Paulo, compartilha as adversidades no seu dia a dia, como a instabilidade da internet, barulhos externos, má comunicação no ambiente virtual corporativo e o cansaço psicológico. São situações que dificultam a construção de uma rotina saudável de trabalho dentro de casa.
A maior parte da rotina do morador acontece em casa, onde ele vive com a mãe. Para trabalhar, ele tenta adaptar os pequenos cômodos em um escritório. "Mesmo sendo um pouco pequeno acredito que tem um bom espaço. Em relação à concentração para trabalhar, às vezes eu acabo me distraindo um pouco, mas é tranquilo", diz.
"E nas pausas eu ajudo a arrumar as coisas de casa", acrescenta.
O morador julga o computador utilizado para realizar as tarefas de trabalho um diferencial para o êxito no dia a dia. "Quando começou o home office eles me mandaram um [computador] desktop. Claro que fiquei feliz e grato. Mas depois de um ano trocaram o equipamento, que é bem abaixo do que eu esperava", afirma.
Depois da troca, Silva diz que a infraestrutura já deixou a desejar, forçando-o a ir até o escritório da empresa.
Mas o computador não é o único motivo que o fez se deslocar até a empresa. A instabilidade da internet também já contribuiu para gerar esse contratempo. "Já aconteceu de acabar a luz, e tive que ir até lá. E se a internet deixa na mão, eu posso ir até a empresa, e isso também já rolou".
Para Silva, a forma como é feita a gestão de pessoas durante o home office afeta diretamente o seu psicológico. Ele acredita que a virtualização do trabalho aumentou a cobrança de seus chefes. "Quando o nosso superior começa a cobrar demais eu fico um pouco desmotivado pela falta de empatia deles, e isso abala, porque fico preocupado em não entregar a minha meta do dia", diz.
"Às vezes, eles pedem para ficar até um pouco mais tarde para concluir as demandas. Eu fico, mas meu psicológico não quer e meu corpo quer, entendeu? Isso incomoda, porque fica doendo a vista, as costas doem de tanto ficar sentado o dia inteiro olhando para o computador", acrescenta.
Silva considera que trabalhar em casa o afasta do ambiente tóxico das relações desgastadas na empresa. "Às vezes, a gente não está bem com um determinado colega de trabalho e, às vezes, até com o próprio chefe", diz.
Um dos aspectos negativos no seu esquema de home office é o aumento da circulação de pessoas nos finais de semana na viela ao lado da sua casa. Segundo o morador, o barulho causado pela maior movimentação de pessoas impacta diretamente as reuniões de trabalho.
"Aqui na viela tem bastante movimentação, inclusive no sábado. Quando tem reunião e está rolando barulho, eu falo: 'olha, está tendo um pouquinho de barulho aqui em casa e para não incomodar vocês vou deixar o áudio mudo e falar só quando for necessário'", diz.
Por outro lado, uma das principais vantagens de trabalhar em casa é a autonomia para gerir o tempo. "Em casa é bem mais tranquilo, você tem mais liberdade de fazer o que quiser, inclusive ficar com fone de ouvido, tomar café toda hora sem ter que sair para comprar", afirma.
O tempo que Silva gastaria da sua quebrada até seu trabalho é de 45 minutos. Agora no home office, normalmente ele utiliza esse tempo para compor sua rotina, dando atenção às demandas de cuidado pessoal e tarefas domésticas.
Ele finaliza a entrevista afirmando que gosta da liberdade de ir e vir, de ter uma rotina fora de casa. "Eu gosto de sair, mesmo que seja a trabalho, pelo fato de ver alguns amigos na hora do almoço, comer fora, ir a algum lugar e dar risada, isso tudo é bem bacana", conclui.
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