Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Jogos de futebol de várzea ganham lives nas redes das mídias comunitárias
Com campeonatos cada vez mais organizados e bem competitivos, o futebol de várzea está se transformando em um novo produto de streaming esportivo graças à aposta de mídias comunitárias digitais.
A presença do esporte em canais de mídias tradicionais é tímida, fato que gera oportunidades para o surgimento de iniciativas em plataformas digitais que buscam ganhar relevância e virar referência na transmissão de jogos ao vivo de futebol de várzea.
Essas iniciativas também estão dando um pontapé para formar um público consumidor de conteúdo esportivo ligado ao futebol de várzea nas redes sociais, uma mudança radical da cultura do futebol de várzea, que antes só poderia ser apreciada pelos torcedores e torcedoras que fossem para a beira dos campos aos finais de semana.
O futebol de várzea é reconhecido historicamente por revelar jogadores para times de clubes profissionais, além de proporcionar lazer e incentivar o convívio comunitário entre os moradores das periferias e favelas.
A Tvila Sports é um bom exemplo de iniciativa que está protagonizando esse cenário de transmissões ao vivo nas periferias de São Paulo, em especial da região do ABC paulista, onde ela nasceu.
A mídia possui uma Kombi com estúdio móvel, equipado com roteador wi-fi, switcher para controle de câmeras, monitores para cortes e edição de vídeos e um sistema de captação de áudio para dar suporte aos comentaristas e narradores das partidas interagirem com o público que está na beira do campo e quem está acompanhando os jogos pelas redes sociais.
Com mais de 100 mil seguidores no Facebook e 30 mil no YouTube, a Tvila é reconhecida também por promover representatividade entre os jogadores e torcedores do futebol de várzea, pelo fato de se reconhecerem positivamente na cobertura das partidas.
O sucesso da TVila Sports já chama a atenção dos organizadores de campeonatos de futebol de várzea nas periferias, que promovem parcerias para a mídia comunitária produzir a transmissão ao vivo dos jogos.
A partir de programas de entrevistas com jogadores, técnicos de equipes e organizadores de campeonatos, o canal Mundo da Várzea é outra iniciativa que vem fortalecendo a formação de público consumidor de conteúdo digital sobre futebol de várzea nas redes sociais.
A qualidade das transmissões ao vivo e, principalmente, dos programas produzidos para apresentar o lançamento de novas competições é a principal aposta da iniciativa.
Com mais de 60 mil seguidores no Facebook e 8 mil no YouTube, o canal Mundo da Várzea é reconhecido no universo do futebol de várzea nas periferias e chama a atenção até de patrocinadores —como fornecedores de materiais esportivos para os times—, que apoiam e incentivam a produção dos programas de entrevista com representantes das equipes.
Atuando em Osasco, na região metropolitana de São Paulo, a TV Fut Várzea vem ganhando a atenção dos torcedores e equipes que fomentam a cultura da várzea na cidade.
Com narrador e comentarista na beira de campo, o principal foco da TV Fut Várzea é a transmissão ao vivo de jogos, e para isso faz parceria com dirigentes de competições para garantir a produção de conteúdo digital de diversas ligas, campeonatos e festivais que ocorrem nas periferias de Osasco.
Atualmente, a TV Fut Várzea conta com 16 mil seguidores e segue crescendo, por manter uma cobertura semanal e contínua de jogos. Um diferencial é que seus comentarista e narrador já são inseridos no futebol de várzea e conhecem profundamente as equipes, competições e as periferias da cidade, reforçando a importância da representatividade nesse universo.
Como o futebol de várzea é um pilar da cultura nas periferias, que faz parte dos hábitos de convivência dos moradores, a tendência é que essas iniciativas sirvam de inspiração para o surgimento de um novo campo de atuação profissional na produção de conteúdo digital esportivo.
Esse processo elevará a qualidade e quantidade de iniciativas atuando nas produções de transmissões ao vivo. E como elas desenvolvem um trabalho que as mídias tradicionais não conseguem fazer, será um processo natural o aumento de audiência destas iniciativas dentro e fora das periferias, acompanhado pelo surgimento de patrocinadores e investidores.
* Ronaldo Matos é jornalista, educador, pesquisador de tecnologias da informação e comunicação em contextos de periferias urbanas. É editor do portal de jornalismo periférico Desenrola E Não Me Enrola.
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