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Abu Dhabi vai construir no deserto a maior fazenda coberta do mundo
Você se lembra que no ano passado falamos sobre a maior fazenda urbana em telhado do mundo que foi inaugurada em Paris? Agora, chegou a vez de discutirmos os investimentos no Oriente Médio. Depois da visita que fizemos em janeiro ao projeto The Line, da Arábia Saudita, hoje vamos à Abu Dhabi, cidade de 1,5 milhão de habitantes que fica a cerca de 140 quilômetros de Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.
Se por um lado a capital francesa quis ficar com o título de fazenda urbana externa, Abu Dhabi quer ficar conhecida como tendo a maior fazenda coberta do mundo.
Serão 150 milhões de euros investidos por três anos no projeto que terá um terreno de 17,5 hectares e uma área de cultivo de 160 mil metros quadrados, localizado no deserto de Abu Dhabi. É como se 22 campos de futebol estivessem no meio da cidade produzindo 56 variedades de alfaces, folhas verdes, ervas e couve que serão consumidos ali por perto.
Com a base tecnológica vinda da Holanda, a GreenFactory Emirates, como será chamada, utilizará técnicas de cultivo vertical e plana para driblar o clima seco da região. O objetivo é que as 10 mil toneladas de produtos que saírem dali por ano sejam totalmente livres de agrotóxicos.
E os benefícios à saúde e ao meio ambiente não param aí: o centro deve economizar 95% do consumo de água quando comparado a métodos de cultivo tradicionais e a redução da pegada de carbono deve chegar a 40%.
Além disso, por estar mais próximo do consumidor final, também deve haver diminuição no desperdício de produtos que ocorre durante o processo de transporte, ao mesmo tempo que diminui o tráfego logístico.
Durante o anúncio do investimento em Abu Dhabi, a ministra de Estado da Segurança Alimentar, Mariam Hareb Almheiri, destacou os esforços do país para aumentar a produção doméstica de alimentos por meio da tecnologia agrícola (agtech) e os planos são ambiciosos: entre os objetivos do plano de Segurança Alimentar Nacional do governo, lançado em novembro de 2018, está melhorar o rendimento em 30% nas produções com base tecnológica e se tornar líder mundial em segurança alimentar impulsionada pela inovação até 2051.
Coletando dados em tempo real para otimizar a produção e dar suporte a futuros projetos, os responsáveis pela GreenFactory Emirates planejam construir outras fazendas desse tipo em mais regiões do mundo onde o clima extremo é um desafio para a agricultura tradicional. A ideia é cultivar mais, com mais qualidade e usando recursos mínimos. Quem sabe eles não dão uma força no Nordeste um dia, não é?
A ideia de mudar as condições alimentares em regiões difíceis é incrível, mas vale lembrar que cidades mais inteligentes não são feitas somente por uma iniciativa isolada, mas sim um conjunto de ações que cobrem diferentes áreas e, assim, dão uma visão 360º do que acontece na comunidade.
Pode parecer um caso isolado, mas deve ser cada vez mais comum ter a agricultura urbana como pauta, tanto é que o tema é uma das 17 verticais analisadas na chamada ISO das cidades inteligentes, a ISO 37:100, dentro do item 20, Agricultura urbana/local e segurança alimentar, com indicadores como:
- Total da área agrícola urbana por 100 mil habitantes;
- Quantidade de alimentos produzidos localmente como porcentagem do total de alimentos fornecidos à cidade;
- Porcentagem do orçamento municipal anual destinado às iniciativas de agricultura urbana;
- Porcentagem da população da cidade que pode ser servida por reservas de alimentos da cidade por 72 horas em uma emergência.
Você gostaria de ter uma fazendo urbana aí na sua região? Participe nos comentários abaixo e fique de olho aqui na coluna que falaremos mais sobre as cidades mais inteligentes. Nos vemos na próxima semana.
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