Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
NFT: tecnologia inovadora tem potencial para democratizar a arte
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Em junho do ano passado, escrevi sobre artes digitais e as vendas milionárias de peças. Porém, esqueça as artes vendidas por milhões de dólares. A verdadeira importância do NFT está nas vendas menores.
No último mês, o assunto bombou e virou moda. Se você é artista ou designer (e não mora na caverna), com certeza deve ter escutado sobre o acrônimo NFT (non-fungible token) e toda a tecnologia que viabiliza essas vendas.
Sabe a Lei de Godwin, que diz que toda discussão que se alonga na internet vai acabar fazendo alguma comparação envolvendo Hitler ou o nazismo? Então, se você está no Clubhouse deve ter notado que toda sala que se alonga por muito tempo vai acabar tendo como assunto o tal NFT.
No meu artigo do ano passado, não usei o acrônimo justamente pela dificuldade de digestão do termo.
Quando o assunto entrou na moda este ano, surgiram dezenas de textos explicando, deixou de fazer sentido ter mais um para explicar o que é. Mas vale a pena divagar sobre por que esse tema é tão difícil de entender, aceitar e tão interessante.
A primeira barreira é técnica. A solução para vender artes digitais envolve uma sopa de letrinhas, tecnologias e conceitos que não são palatáveis para a maioria das pessoas. Contratos inteligentes automatizados, blockchain e criptomoeda. Estes, por sua vez, trazem ainda mais confusão como chave público e privada, token, exchange, KYC e por aí vai.
Esta bagunça se mistura com outras do mundo de tijolo que até hoje são incompreensíveis para a maior parte de nós. Como quantificar a arte? Por que esta peça vale milhões e essa não? Por que esse artista explodiu e aquele não?
Como alguém pagaria por algo virtual, que não existe no mundo dos átomos? Uma imagem que eu posso criar no meu computador e enviar pelo WhatsApp para os meus amigos? Se eu der um "print screen" da minha tela eu também posso vender essa arte por milhões?
Minha contribuição no artigo será responder duas perguntas que acredito que ainda não foram respondidas. Como entender tudo isso de maneira fácil e qual a relevância sobre o assunto.
Como entender tudo isso?
A melhor maneira de entender NFT é saber que, na prática, as pessoas não estão comprando exatamente uma imagem e sim um token. De maneira bem simplificada, o token é uma assinatura, um certificado, um autógrafo. Algo que garante que você está comprando algo único. Você pode copiar a imagem, mas não o token.
Então você pode entender que é muito similar a comprar uma figurinha de beisebol.
Talvez você continue achando tudo isso muito estranho, pois muitos de nós não conseguimos entender por que alguém pagaria milhões por uma figurinha de beisebol. Mas isso acontece no mundo de tijolo e agora também no mundo virtual, mas pelo menos sua estranheza deixou de ser com o NFT e sim com um mercado de compra e venda desses ativos.
Qual a relevância do tema?
Se a compra de arte digital não é muito diferente de comprar figurinhas de beisebol, por que o assunto é relevante? O que realmente muda e qual a novidade?
É que agora qualquer pessoa pode vender e qualquer pessoa pode comprar. Isso é o que realmente importa: é a democratização da arte.
Assim como o smartphone democratizou a fotografia, a internet democratizou a produção de conteúdo e as redes sociais democratizaram as celebridades, o NFT está democratizando a arte.
Por isso, a verdadeira revolução não está em artes vendidas por milhões, mas milhões de artistas vendendo arte. Veja o que aconteceu com o conteúdo e entenda que isso não é pouca coisa.
E não será a única mudança. Virão novas revoluções quando o NFT amadurecer e crescer em outros segmentos e outras frentes, como a música e direito autoral, mas isso cabe em outro artigo.
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