Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
YouTube vai esconder dislikes de você, e isso vai ajudar os vídeos ruins
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Em novembro, o YouTube resolveu não mostrar mais para os usuários o número de dislikes dos vídeos de sua plataforma. O número ficaria visível para o criador, mas não mais para os usuários.
Segundo os testes da empresa, "dislikes direcionados" para criadores menores incentivariam pessoas normais a fazerem o mesmo como um efeito manada.
Imagino que estejam falando de robôs. Neste caso, o correto não seria acabar com os robôs?
Em um dos meus vídeos sofri um ataque de robôs. O vídeo estava com 1600 visualizações e em um belo dia um robô aplicou 800 dislikes. Neste dia, o vídeo teve apenas 6 visualizações.
É preciso estar logado para dar likes e dislikes. Tenho certeza que uma empresa inteligente como o Google conseguiria acabar (ou diminuir drasticamente) com os robôs.
Porém, os dislikes em si não impediram as pessoas de assistirem a meu vídeo, mas foi um alerta. "Esse vídeo pode ser uma porcaria." "Esse vídeo pode ser caça-clique." Mas os comentários eram todos muito positivos, o que incentivou as pessoas a verem o vídeo com quase 30 minutos.
Hoje, esse vídeo está com mais de 420 mil visualizações, mais de mil comentários e 20 mil likes, contra apenas 1.100 dislikes, ou 300, se não contarmos os enviados pelo robô. O conteúdo venceu.
Mas o alerta é importante. Os meus vídeos são maravilhosos :D mas a plataforma está repleta de vídeos ruins. O número de dislikes é um alerta importante na hora de escolher qual vídeo você quer assistir.
Esconder o número de dislikes não vai ajudar vídeos bons terem mais visualizações, mas vai ajudar os ruins. Isso prejudica os usuários. Esta é também a opinião de Jawed Karim, cofundador da plataforma. Segundo ele, "nada pode ser ótimo se nada é ruim".
Segundo o YouTube, a iniciativa visa proteger e deixar o ambiente mais respeitoso para os criadores de conteúdo. Mas se eles estivessem realmente preocupados com a saúde mental dos criadores, a medida seria outra.
O principal fator de burnout de criadores de conteúdo não tem relação nenhuma com críticas ou cancelamentos, mas com o fato de o algoritmo obrigar a ter uma frequência de criação exaustiva e sem recesso. Tirar férias do canal significa matar o canal na prática.
Para os criadores de conteúdo, o canal não é uma maratona, é um campeonato de mata-mata, onde se você for mal em um jogo, está fora da competição.
Se o YouTube realmente estivesse preocupado com a saúde mental dos criadores, mudaria o algoritmo para não penalizar quem diminuir a frequência de postagens ou ficar sem postar por um tempo.
Aliás, esta imposição de alta frequência já é responsável pela deterioração da qualidade dos vídeos. Criadores que antes faziam vídeos mais elaborados e que duravam semanas para produzir hoje são obrigados a fazer vídeos diários. Não tem roteiro que sustente, não tem equipe que dê conta.
Ainda pior para criadores menores, cujos números ainda não justificam financeiramente tanta dedicação.
O ajuste fino entre lucro e qualidade sempre foi delicado. Natural, lembrando que a plataforma é uma empresa privada e, apesar de tudo, talvez a melhor delas quando falamos de custo benefício para criadores de conteúdo.
O que incomoda um pouco é a hipocrisia, de botar a conta da mudança, nas costas da saúde mental dos criadores.
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