Aplicativo criado por ex-engenheiros da Apple junta o Tinder com astrologia
Você não precisa ser Sol, raio, estrela ou luar. Mas na busca por fogo e paixão, há quem procure ajuda nos astros. E não é só o Wando.
Struck é um novo app que promete unir astrologia com apps de encontro, como o Tinder. O aplicativo foi criado por Rachel Lo e Alex Calkins. Formada em engenharia , a dupla não compôs nenhum sucesso do brega, mas tem no currículo a participação de alguns hits: como o iPhone 6, 7 e o Apple Watch.
O Struck se propõe a ser uma espécie de iCupido-Astrologo-Robô. Ao se cadastrar, você preenche um formulário com algumas informações sobre você: Em que dia você nasceu? Onde? Que horas eram? Com isso o algoritmo do app te coloca no mundo da astrologia. Traça um mapa astral e os compara com o dos outros pretendentes da rede, indicando quem combina mais com você. É quase como se você fosse para o bar com a Susan Miller.
Além da levada esotérica, o aplicativo também tenta se afastar de outros apps de relacionamento no quesito quantidade. Dentro do app você não encontra dezenas de rostinhos e escolhe em qual dar match. Pelo contrário. Quem usa se depara apenas com quatro pessoas por dia —-e você só pode mandar mensagem para uma delas. Foco na estrela, não em constelações.
Rachel e Alex se conheceram na Apple, há meia década, quando trabalhavam como engenheiros de design na maçã de Steve Jobs. Lá trabalharam, por exemplo, na tela da sexta e sétima geração de iPhones, e no chassi do primeiro smartwatch da Apple. Uma realidade não muito parecida com a da startup que criaram. No ano que se conheceram, a Apple tinha cerca de 110 mil funcionários espalhados pelo mundo. A Struck tem dois.
"Quando você está em uma big tech, inevitavelmente acaba trabalhando em uma pequena parte de um grande projeto. Isso não é uma coisa ruim, simplesmente não era o que nós dois queríamos fazer", conta Rachel ao Sexting. "Sempre há um novo problema para resolver, sempre um novo recurso para construir ou algum outro desafio para enfrentar. É bastante caótico, mas, definitivamente, nunca é chato", completa.
Em uma ironia estrelar, no entanto, foi justamente com a Apple que os dois enfrentaram o maior desafio da iniciativa até agora. A antiga empregadora da dupla barrou, por nove vezes, a tentativa de colocar o aplicativo na App Store.
A culpa, aparentemente, era do artigo 4.3 no guia de permissões para desenvolvimento de aplicativos da Apple. "A notificação que recebíamos era de que apps de astrologia eram considerados spam, e que deveríamos reconsiderar o conceito do app", conta Rachel. A Apple só abre exceções para aplicativos considerados "únicos", de alta qualidade. Foi nisso, então, que tentaram se encaixar. E conseguiram.
A aprovação veio na décima tentativa, coincidentemente ou não, após apoiadores da iniciativa comentarem em um post no Instagram de Lisa Jackson, atual vice-presidente a Apple. "A essa altura, estamos apenas gratos por poder distribuir seu aplicativo na App Store, mas foram dois meses que, se pudesse, não viveria de novo", conta.
Mas, dois engenheiros, formados numa ciência exata, resolveram se aventurar nesse mundo tão criticado por cientistas que é a astrologia. Não é estranho? Não necessariamente. "Como uma mulher que estudou engenharia mecânica (um campo que tinha menos de 5% de mulheres quando me formei na faculdade) e trabalhou em funções técnicas ou tecnicamente adjacentes desde então, passei muitos anos lutando para provar meu valor como engenheira/cientista", conta Rachel. "Bastou eu mudar um pouco isso para obter reações mistas à minha decisão. Ouvi coisas como 'eu não sabia que você gostava de astrologia', com um tom questionador", completa.
Na real, para Rachel, essa comparação não faz nem muito sentido. "Alex e eu somos cientistas de coração, mas acho que, embora a comunidade científica esteja sempre tentando descartar a astrologia como uma pseudociência, aqueles na comunidade astrológica raramente defendem que ela seja considerada uma ciência. Portanto, há uma discussão incompatível acontecendo", afirma.
O foco, para ela, está menos nas estrelas e mais nas pessoas. "Eu acho que a astrologia pode fornecer às pessoas uma linguagem para falar sobre suas emoções. No mundo ocidental, e especialmente nos Estados Unidos, não somos muito versados em ter esse tipo de discussão, e aprender sobre astrologia dá às pessoas as ferramentas para expandir seu vocabulário", conta.
Vocabulário esse que, por enquanto, vamos ter que esperar mais um pouco para utilizar pelo app. O Struck, atualmente, só funciona em partes dos EUA. Não que estejamos órfãos. Aplicativos como o NUiT também se propõem a unir formação de casais com astrologia —e estão disponíveis no Brasil. São criados por ex-funcionários da Apple? Não. Mas servem para quem não quer esperar o Struck chegar por aqui —o que deve acontecer.
"Temos esperança de que no futuro esteja disponível para o Brasil. Estamos nessa fase de uma equipe de dois funcionários por enquanto, mas queremos ser internacionais em breve", afirma.
No fim, o objetivo é achar alguém para beijar na boca e amar no chão. E se o Vale do Silício quer ajudar, por que não?
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