Pandemia mexeu com nossas fantasias sexuais de jeitos inesperados
Em agosto, na Austrália, as coisas ficam extremamente calientes. Culpa de um pequeno roedor, o Antechinus, que entra na sua temporada de acasalamento. O bichinho fica cheio de tesão. Tanto que sai pelo país oceânico transando até, literalmente, morrer de cansaço —-o que acontece em, no máximo, três semanas de maratona sexual.
Chegamos em setembro e, no Brasil e no mundo, tem gente até invejando a forma como o ratinho passa dessa para uma melhor. O isolamento afetou a vida sexual de quem tem fugido do vírus. Pelo menos é o que aponta uma nova pesquisa que crava: estamos fantasiando cada vez mais e por motivos intimamente ligados à pandemia.
O Instituto Kinsey, uma das mais respeitadas organizações de sexologia do planeta, tem tentado entender como a covid afetou a vida sexual mundo afora.
O primeiro estudo, lançado mês passado, foi sobre como a covid mudou nossos atos sexuais. Desde então, os pesquisadores envolvidos seguem atualizando a base de dados para compreenderem, com cada vez mais detalhes, a relação entre o sexo e o corona.
Nas últimas semanas, o pesquisador-chefe do estudo, Justin Lehmiller, adiantou em sua página pessoal algumas estatísticas desta nova fase de pesquisas. E os resultados explicam bastante o dia a dia de quem não vê a hora de tomar a vacina para ativar os contatinhos do Tinder.
Os novos resultados miraram especificamente em como as fantasias sexuais têm aparecido durante esse período. E como "fantasia" podemos entender os pensamentos eróticos que colocam a gente em outro contexto na hora H, valendo tanto no sexo propriamente dito ou em momentos a sós.
Quando o assunto é a frequência com que tem fantasiado, em comparação com antes do isolamento, a resposta entre os entrevistados foi:
- 8% disseram que estão fantasiando muito mais
- 27% disseram que estão fantasiando um pouco mais
- 40% disseram que estão fantasiando mais ou menos na mesma proporção de antes
- 17% disseram que estão fantasiando um pouco menos
- 9% disseram que estão fantasiando muito menos
Beleza. Então 35% dos respondentes disseram que tiveram algum tipo de aumento no número de vezes que pensaram em fantasias sexuais. Mas por quê? Foi o que os pesquisadores tentaram descobrir.
Os respondentes que afirmaram terem tido um pico fantasioso durante o período preencheram um formulário (onde poderiam marcar mais de uma opção), que dissecava as motivações. Os resultados mais populares foram:
- 49% fantasiaram para aumentar o tesão
- 39% fantasiaram para fugir temporariamente da realidade
- 34% fantasiaram para atender às necessidades sexuais que não andam sendo satisfeitas
- 33% fantasiaram para relaxar ou reduzir a ansiedade
- 31% fantasiaram para compensar a falta ou ausência de um parceiro
- 29% fantasiaram sobre uma transa no futuro
- 29% fantasiaram porque estavam entediados e não tinham mais nada para fazer
- 18% fantasiaram para atender às necessidades emocionais que não andam sendo satisfeitas
Ou seja: tédio, necessidade de esquecer um pouco sobre a pandemia ou simplesmente saudade do sexo no velho normal.
As repostas não são exatamente surpreendentes, mas ajudam as metades isoladas da laranja a entenderem que não estão sós. Isso está acontecendo com muita gente.
O teor das fantasias também foi abordado —e também foi afetado pelo corona.
- 47% disseram que se pegaram fantasiando sobre coisas que nunca haviam fantasiado antes
- 41% disseram que sua fantasia sexual favorita mudou
- 39% disseram que estão fantasiando mais sobre experiências sexuais anteriores
- 35% disseram que estão fantasiando menos sobre o sexo em si e mais sobre como atender às necessidades emocionais
- 29% disseram que fantasiaram sobre quebrar ordens de bloqueio ou quarentena para fazer sexo
- 23% disseram que estão fantasiando mais sobre ex-parceiros
- 3% disseram que tiveram fantasias envolvendo imagens relacionadas a covid-19 (ou seja, máscaras, luvas, macacões, etc.)
Para os envolvidos na pesquisa o motivo das mudanças é que, de uma hora para outra, nos vimos presos em uma situação atípica, o que tem influenciado nas vontades de cada um na cama.
Por isso, inclusive, que a maioria das mudanças de fantasia não tem sido para deixar as coisas mais fetichistas. Pelo contrário, os pesquisadores afirmam que a maioria das pessoas começou a fantasiar sobre coisas mais fofas. Faz sentido: os solteiros foram os mais afetados pelo isolamento, quem não tinha um parceiro físico dentro de casa, passou a fetichizar sobre, olha só, carinho mesmo.
Agora vale ressaltar esses 29% que estão sonhando em furar a quarentena para transar. Cada um com sua vida, não estou aqui para ditar regra para ninguém, mas já citamos aqui outras formas seguras de aliviar o tesão sem furar a quarentena, como as orgias virtuais. Vale mais a pena do que arriscar ter um destino parecido demais com o nosso amiguinho roedor australiano?
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