Saudade de aglomerar? App brasileiro cria balada virtual para você flertar
Basta uma rápida passada no Instagram. Algum amigo ou o próprio app resolvem mostrar uma lembrança desse longínquo-não-tão-distante passado onde a gente podia ir a festas sem comprometer a saúde pública. A cena é aquela coisa: música alta, gente suada, abraço, beijo na boca. A boa e velha aglomeração. Deu saudade? Pois bem, um novo aplicativo brasileiro promete sanar justamente essa coceirinha - -sem que você tenha que sair de casa.
Chamado Find - Connecting People (algo como "Encontre - Conectando Pessoas", se traduzirmos para o português), o app em questão reproduz um ambiente de uma balada. Em um mix de Second Life com Tinder, você controla uma câmera, que dá a impressão de passear por ambientes. Lá, encontra outros usuários e pode tentar desenferrujar aquele papinho de festa.
"Nosso objetivo é conectar quem já não aguenta mais conversar com os mesmos amigos, no mesmo grupo de WhatsApp", conta ao Sexting Fernanda Carvalho, cofundadora do app. "Estamos mirando em quem está sentindo essa necessidade de falar com gente nova, sair do ambiente em que está confinado", completa. Ou seja, praticamente qualquer pessoa em 2020.
O funcionamento é relativamente simples. Após preencher um rápido cadastro com nome e uma foto, se vê dentro de um luxuoso salão, com direito a bar, mesa de sinuca e alguns sofás. Dois controladores aparecem no canto da tela, um serve para guiar seu olhar, o outro para andar. Rapidamente você já pode dar uma voltinha. A parte mais legal, no entanto, está no fundo da sala: é onde há um elevador.
Entrando na máquina, o app te questiona: você quer alguém para amizade ou relacionamento? Está procurando homens, mulheres ou os dois? Responda e a porta do elevador se fecha. Quando abrir você estará no terraço do prédio com os outros usuários com as mesmas segundas intenções que você.
É aí que começam a aparecer os problemas do app. O primeiro é, sem dúvida, o pequeno número de usuários. Por enquanto, no Brasil, há apenas 300 cadastrados. Não é difícil, então, que você encontre a balada vazia.
E, mesmo que você encontre alguém dando bobeira no bar, o design pode atrapalhar um pouco a experiência. O cenário é lindo, mas os avatares das pessoas propriamente ditas não são muito legais. Na prática, os usuários se transformam em uma espécie de totem que lembra mais um pokestop do que um crush de balada.
O lado bom? Os dois problemas podem ser solucionados ao longo do tempo. Principalmente no quesito público. Apesar de ser um app brasileiro, foi na gringa que a pista começou a encher. "Temos 3.000 usuários nos EUA, 2.500 na Índia e 1.000 na Turquia", conta Fernanda.
O motivo do sucesso ser mais internacional talvez seja o preço do ingresso da balada. "Antes estávamos cobrando US$ 3 pelo app. Fora do Brasil, isso era baratíssimo, mas por aqui saía quase R$ 20. Então mudamos, e agora é de graça, para atrair o público daqui". A famosa lista VIP.
O app, que parece desenhadinho para suprir algumas das necessidades pandêmicas, na verdade, surgiu antes do isolamento. Ano passado, em um papo de bar, Fernanda e sua sócia, Andrea Cadetti, tiveram a ideia entre uma frustração e outra.
"O problema do Tinder é que acaba virando aquele cardápio de fotos. Tudo muito raso. Foi quando a gente começou a imaginar como seria um app que simulasse um ambiente real, para conversas de verdade", diz. A ideia era usar a tecnologia para simular um pouco da vida romântica pré-tec: o xaveco de balada.
De lá para cá, então, tentaram colocar a ideia de pé. Mas para isso tiveram que por a mão no bolso. Fernanda é fotógrafa, Andrea, trabalha com importação de vinhos. Nenhuma habilidade em programação —o que fez com que contratassem um time de T.I. "Tiramos dinheiro do nosso próprio bolso e, por enquanto, o app ainda não se pagou. Investimos cerca de R$ 260 mil no Find até agora", conta.
Para o usuário, o Find ainda tem um gostinho de protótipo. Não é à toa, ele ainda não estava pronto. "A gente queria finalizar algumas outras coisas, como fazer um andar para negócios, mas quando a pandemia estourou, percebemos que essa era a hora de colocar no ar". Não dá para dizer que está errado.
Os probleminhas incomodam, mas não anulam a brincadeira. Até porque nenhum site começou perfeito. Já viu como era o Facebook no começo de tudo? Feíssimo. Para o Find, eu daria uma chance, principalmente depois de, você sabe, dar aquela passadinha pelo instagram. Êta saudade de aglomerar, meu deus.
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