Grindr leva multa por compartilhar a orientação sexual e dados dos usuários
Nem discreto e nem fora do meio. O Grindr acaba de ser multado pelo governo norueguês por ter divulgado informações pessoais de seus usuários. Os dados incluem localização, orientação sexual e informações sobre a saúde mental de quem usa o app.
O aplicativo de relacionamento para homens bi e gays recebeu a penalidade taxada numa fortuna de R$ 62,5 milhões (100 milhões de Coroas Norueguesas). A grana é alta até para empresas bilionárias como o app: corresponde a cerca de 10% da receita anual da empresa.
A briga é antiga. Em janeiro do ano passado, o Conselho Norueguês do Consumidor já havia produzido um relatório onde acusava o aplicativo de pegar dados do GPS e compartilhar com terceiros. Na época, até a Organização Europeia de Consumidores (BEUC) entrou no papo, cravando em comunicado que aquilo ocorria "sem uma base legal válida e sem que os consumidores saibam".
A nova notícia é que as autoridades nórdicas chegaram à conclusão de que, sim, o Grindr deveria pagar uma bolada por infringir as regras.
"Este é um marco no trabalho contínuo para garantir que a privacidade dos consumidores seja protegida online. A Autoridade de Proteção de Dados estabeleceu claramente que é inaceitável que as empresas coletem e compartilhem dados pessoais sem a permissão dos usuários ", disse ao jornal britânico The Guardian Finn Myrstad, diretor de política digital do Conselho de Consumidores da Noruega (NCC).
Entre os principais problemas está a exposição de usuários, que não necessariamente gostam de falar sobre sexualidade com amigos ou familiares - quanto mais com empresas.
O Grindr chegou a argumentar de que as sexualidades não foram expostas, já que pessoas autodeclaradas hétero também podem ter contas no aplicativo.
As autoridades norueguesas não engoliram: o simples fato de estar participando do app está acompanhado de uma conotação LGBTQIA+. Não deveria ser compartilhado.
"O Grindr é visto como um espaço seguro e muitos usuários desejam ser discretos", disse à Bloomberg Bjorn Erik Thon, diretor geral da Autoridade de Proteção de Dados do país. "No entanto, seus dados foram compartilhados com um número desconhecido de terceiros, e qualquer informação sobre isso foi ocultada."
Em comunicado, o Grindr afirmou que:
"As alegações da Autoridade Norueguesa de Proteção de Dados datam de 2018 e não refletem a Política de Privacidade ou práticas atuais do Grindr. Melhoramos continuamente nossas práticas de privacidade levando em consideração a evolução das leis e regulamentos de privacidade e esperamos entrar em um diálogo produtivo com a Autoridade de Proteção de Dados da Noruega".
O Grindr foi comprado ano passado pela empresa chinesa Beijing Kunlun, por um valor de aproximadamente R$ 3,2 bi (US$ 608 milhões).
A empresa, no entanto, ainda pode recorrer da multa. Até 15 de fevereiro, representantes do aplicativo podem contatar a justiça norueguesa para tentar negociar a quantia, depois disso, o valor é instituído e não pode ser alterado.
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