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Bloqueio de conteúdo adulto da Apple proíbe buscas com a palavra "asian"
A ferramenta de bloqueio de conteúdo adulto em plataformas iOS não permite qualquer busca envolvendo a palavra "asian". (asiático ou asiática, em português).
Imaginada para ajudar pais a impedirem que seus filhos vejam conteúdos inapropriados, e para aqueles que estão tentando diminuir o consumo de pornografia, a ferramenta "Limitar Sites Adultos" não dá muita margem à interpretação sobre quais páginas deveriam ser bloqueadas. Ainda assim, a ferramenta vincula todo um continente à pornografia. Buscas simples como "asian food" (comida asiática) ou "asian countries" (países asiáticos) acabam bloqueadas.
"A gente precisa se perguntar o porquê dessa associação. E isso tem a ver, sobretudo, com a forma que a pornografia mainstream categoriza esses corpos e os vendem como um fetiche", afirma Hugo Katsuo, cineasta e pesquisador da UFF (Universidade Federal Fluminense) no tema da relação entre racialização e pornografia. "Aqui entendemos o fetiche racial como sendo uma forma de desejo pautado na objetificação da raça", completa.
Em testes feitos por mim, o bloqueio impediu imediatamente todas as buscas envolvendo o termo em inglês, mas "asiático" e "asiática" (em português) não foram barrados.
Mesmo em inglês, o bloqueio de termos relativos que poderiam estar ligados à geografia ou à pornografia não é absoluto. Termos como "French" (francês/ francesa), "Arab" (árabe), "Brazilian" (brasileiro/ brasileira) ou "Lesbian" (lésbica), não foram censurados.
Termos altamente ligados ao pornô como, "amateur" (amador), "teen" (adolescente) e "massage", vale ressaltar, foram todos barrados.
"A vinculação da palavra 'asian' com conteúdo pornô me ressoa a ideia da exotização do corpo asiático feminino, principalmente", afirma Mayara Araújo, pesquisadora do Centro de Estudos Asiáticos da Universidade Federal Fluminense.
"E é uma questão interessante, porque a percepção sobre 'corpos asiáticos' me parece ter mudado um pouco nos últimos anos por conta da celebrização de grupos de k-pop no Brasil e de conteúdo audiovisual sul-coreano. Mas tudo muito no âmbito do exótico, do fetiche", completa.
A Apple foi procurada mas, até a publicação desta nota, não havia se pronunciado. Se este cenário mudar, o conteúdo será atualizado com a resposta.
"Os sites pornôs mainstream categorizam seus vídeos por hashtags que racializam os vídeos pornôs protagonizados por pessoas não-brancas.", afirma Katsuo "A pessoa branca, nessa dinâmica, é tão universal que não precisa ser categorizada".
Os termos "white" (branco/ branca), "Caucasian" (caucasiano/caucasiana), "American" (americano/ americana), e "European" (europeu, Europeia) não são bloqueados pela ferramenta.
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