Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.
Não é só sexo: sites pornôs usam até crimes para atrair você, aponta estudo
Ninguém pode falar que não sabe que cigarro faz mal. Dá para falar que fumar um depois do almoço é maravilhoso? Claro que sim. Consegue dizer que o papo no fumódromo já garantiu sexo e vida social que não fumante nenhum jamais terá? Com toda certeza. Mas, "ai, eu não sabia"? Não tem como. Pois bem, mais do que nunca, pornô agora é cigarro.
Pesquisadores da Universidade de Durham (Inglaterra) decidiram estudar a pornografia. A fundo. Analisaram 131.738 vídeos pornôs —e fizeram o que hoje é a maior pesquisa sobre pornografia já feita.
As respostas? Bom devem agradar tanto quanto os maços com a advertência "você brocha" alegram fumantes Brasil afora.
Olhando com atenção as filmagens, que foram coletadas entre 2017 e 2018 em três grandes sites adultos (PornHub, XHamster e XVideos), os pesquisadores perceberam alguns padrões:
O termo "adolescente" apareceu em 7,7% dos conteúdos.
Em mais de 15 mil vídeos (12% do total) apresentavam títulos que indicavam algum tipo de violência sexual.
Na prática, 1 a cada 8 filmes pornôs analisados tinham no nome da filmagem termos como "abusada", "molestada" ou até "sequestrada".
E antes que você pergunte: não, nenhum conteúdo BDSM foi considerado violento. Só entravam na estatística filmagens que davam a entender que não havia consentimento nas ações.
Não para por aí. 5.785 vídeos (4,4% do total) tinham no descritivo alguma indicação de incesto. E de todo tipo: entre irmãos, tias e sobrinhos e, sim, pais e filhas.
2.966 dos vídeos (2,2%) também envolviam o que foi chamado de "abuso sexual baseado em imagem", que, nada mais é do que uma categoria para os vídeos que envolviam títulos como "câmera escondida" ou "espionando".
O Pornhub se defendeu dizendo à BBC que "adultos consentidos têm direito às suas próprias preferências sexuais, desde que sejam legais e consensuais, e todas as perversões que cumpram estes critérios são bem-vindas [no site]".
"Nosso estudo oferece evidências novas e convincentes de que a fronteira entre o que é e o que não é violência sexual é distorcida pelas principais plataformas de pornografia online", afirmam os pesquisadores, na conclusão do estudo.
É aquela coisa, cada vez mais dá para assistir pornô, mas falar que sabe o que ele apoia? É que nem fumar pelo filtro: não dá.
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