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Thiago Gonçalves

Vida em Vênus? Veja o que realmente impressionou os astrônomos em 2020

Imagem de nossa própria galáxia feita pelo satélite Planck - ESA/Planck
Imagem de nossa própria galáxia feita pelo satélite Planck Imagem: ESA/Planck

24/12/2020 04h00

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Chegou aquele momento. Final de ano, quem não faz aquela retrospectiva básica, com os principais acontecimentos? Em ano de pandemia, as notícias ficaram um pouco enviesadas para o coronavírus, claro, mas como colunista de Astronomia eu não podia fugir do tema espacial.

Claro, tivemos notícias importantes —sobre a fosfina em Vênus, água na Lua e as cápsulas que recolheram material nos asteroides—, e essas vão aparecer em diversas outras listas.

No entanto, eu queria aproveitar esse espaço e fazer algo diferente, contando o que foi mais importante para os próprios pesquisadores.

Então a minha lista será um pouco diferente do que vocês verão por aí nas redes. Aqui, eu procurei os trabalhos científicos sobre astronomia publicados em 2020 que foram mais citados por outros cientistas.

Uma observação interessante: como eu havia dito em outro texto, grande parte do trabalho no campo é feito por grandes colaborações, com centenas de pesquisadores participantes. Vocês verão que esses trabalhos em geral são os de maior impacto no campo.

Então vamos lá!

1. Observando os ecos do Big Bang

O satélite Planck observou a radiação cósmica de fundo, também chamada de "eco do Big Bang". Essa luz nos permite investigar a expansão do universo nos últimos 13 bilhões de anos. E a última análise destas observações confirmou o que havia sido dito antes: vivemos em um universo em expansão acelerada, dominado pela misteriosa energia escura.

2. Mais e mais ondas gravitacionais

Desde a primeira observação de ondas gravitacionais, em 2015, um novo campo científico foi criado. E esse campo continua sendo explorado intensamente, com diversas novas ondas detectadas recentemente. Em 2020, vários anúncios foram importantíssimos, incluindo alguns objetos com massas surpreendentes, muito pesados para serem estrelas de nêutrons, mas difíceis de serem explicados simplesmente como buracos negros. O mistério continua!

3. A estrela de nêutrons mais massiva

Em janeiro, um grupo de cientistas usou o radiotelescópio de Green Bank, nos Estados Unidos, para medir cuidadosamente o período de um pulsar, que é uma estrela de nêutrons com um período de rotação de milissegundos. Aplicando equações da Teoria da Relatividade, os cientistas concluíram que o objeto tinha uma massa maior que duas vezes a do Sol, batendo o recorde anterior e com importantes implicações para o nosso entendimento sobre a estrutura interna de estrelas de nêutrons.

4. A velocidade de expansão do universo

Essa medida já foi feita várias vezes, mas um grupo agora utilizou imagens múltiplas de quasares distantes para determinar quão rápido o universo está se expandindo. As imagens chegam por caminhos diferentes, curvando-se ao redor de aglomerados de galáxias devido ao efeito da relatividade geral, e as diferenças temporais de quando cada imagem chega nos permite medir a expansão. O mais interessante aqui é que as medidas não batem com os valores do Planck — e ninguém sabe bem por quê!

5. O catálogo do satélite Fermi

Por fim, mas não menos importante, temos o último catálogo produzido pelo satélite Fermi, que observa objetos no espaço que emitem radiação gama, aquela mesma do incrível Hulk. A grande maioria dos milhares de objetos catalogados é de buracos negros supermassivos ou de pulsares. Mas ainda há muitos objetos misteriosos a serem investigados.

E aí, curtiram? Qual é a sua descoberta favorita? Deixem a resposta nos comentários!