Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.
O que revela a parte invisível do universo que a ciência consegue captar?
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Uma discussão frequente na divulgação de astronomia é se as cores que observamos nas imagens astronômicas são reais. Será que é processado no computador, são cores falsas?
Muitas imagens têm, sim, cores reais, ou quase. O telescópio espacial Hubble, por exemplo, faz a maior parte de suas observações na luz visível, ou seja, o tipo de luz que observamos com nossos olhos, e no pior dos casos as cores podem ser um pouco exageradas para realçar o contraste nessas imagens.
A discussão aí se a imagem é real ou falsa acaba sendo parecida com uma conversa sobre fotos jornalísticas ou propagandas. Deixam de ser verdadeiras se passaram por pequenos retoques?
Por outro lado, muitas vezes fazemos observações com tipos de radiação que nossos olhos não conseguem perceber. Raios-X, ondas de rádio, radiação infravermelha. Todas as representações nesses casos são mesmo "falsas", já que nosso olho não conseguiria ver nada parecido.
Mas então por que fazer as observações? Se já temos as imagens lindas do Hubble, se nosso olho não consegue ver aquilo, qual é o objetivo desses projetos?
Na verdade, esses dados são fundamentais, justamente porque oferecem resultados impossíveis de se conseguir com a luz visível.
Diferentes processos físicos são responsáveis por diferentes tipos de emissão de radiação. Se quisermos entender como os corpos no universo funcionam, precisamos de uma visão completa do que está realmente acontecendo ali.
Pense em um grupo de cientistas vendados, tateando um elefante às cegas. Um deles agarra o rabo e diz "isso é uma corda", enquanto outro toca as suas presas e afirma "é uma lança", e assim por diante. Apenas ao compartilhar e comparar informações, imaginando as partes de um todo, é que podemos compreender o elefante como ele é.
O mesmo vale para a astronomia. Tome como exemplo a imagem da galáxia de Andrômeda no começo deste artigo. A aparência dela em cada tipo de imagem é completamente diferente — porque estamos observando processos físicos diferentes.
No rádio, vemos o gás hidrogênio na galáxia. O infravermelho mostra a posição dos grãos de poeira. No óptico (luz visível) podemos ver as estrelas. O ultravioleta mostra os berçários onde novas estrelas estão nascendo, e finalmente no raio-X podemos ver sobretudo o buraco negro supermassivo no centro da galáxia.
Para cada componente, para cada processo físico, um tipo diferente de emissão eletromagnética. Mas os componentes afetam um ao outro, e apenas ao comparar todas as imagens de Andrômeda podemos compreender exatamente essa interação entre gás, poeira, estrelas e buracos negros, interação essa responsável por moldar galáxias desde o Big Bang até os dias atuais.
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